Doutoranda do HU-UFSC explica a diferença entre as vacinas contra o coronavírus

Em vídeo, pesquisadora explica importância de tomar a segunda dose.

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Qual seria a melhor vacina contra o SARS-CoV-2 e por que tomar duas doses? A
pergunta foi feita pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências
Médicas, desenvolvido no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São
Thiago (HU-UFSC), Cristina Sant’Anna, que também apresentou a resposta: a melhor
vacina é que estiver disponível porque todas têm elevada eficácia e ajudam a reduzir a circulação e propagação do vírus. Ela explica também que a segunda dose é necessária porque representa um reforço para o organismo na construção dos mecanismos de defesa contra o coronavírus.

Em vídeo sobre o assunto, a pesquisadora explicou que quando o vírus entra no
organismo, ele usa o próprio mecanismo de funcionamento das células para se replicar. “Ele usa especificamente o ribossomo, que é a organela que sintetiza as proteínas. Quando estas organelas começam a produzir as proteínas do vírus, ele vai se multiplicando e infectando novas células”.

Segundo Cristina, a partir desta ação do vírus, foram desenvolvidas as vacinas,
sendo que há tecnologias diferentes, como o caso da tecnologia do vetor viral.
“Informações genéticas do coronavírus são colocadas em um outro vírus inofensivo,
que vai servir como um vetor para o corpo produzir uma resposta imunológica”. Esta
tecnologia dos vetores está sendo empregada nas vacinas da AstraZeneca, Sputinik e Janssen.

Uma outra tecnologia, usada por exemplo pela Coronav, é a do vírus inativado,
processo usado em várias das vacinas usadas atualmente. “É feito um processo de
enfraquecimento ou inativação do vírus, que ao entrar no corpo ativa uma resposta
imunológica”, explicou.

Um terceiro tipo, mais recente é a do RNA mensageiro. Segundo ela, o material
genético do coronavírus é composto por RNA e os cientistas sequenciaram este genoma e selecionaram uma parte para confeccionar a vacina (proteína spike). Esta tecnologia utiliza uma nanopartícula lipídica para envolver o RNA e garantir que entre nas células de forma adequada a provocar a resposta imunológica. São exemplos as vacinas Pfizer e Moderna.

Assim, todas as vacinas provocam resposta do organismo e não a doença. “Pode
haver reação como febre e mal-estar, mas é leve e dura pouco. Além disso, todas as
vacinas são eficazes, com eficácia maior que a das vacinas que conhecemos contra
outras doenças”, disse.

“Desta forma, a melhor vacina é a que estiver disponível, pois quanto antes a
gente imunizar o maior número possível de pessoas, melhor”, disse a cientista,
explicando que quanto mais o vírus circular, maior a probabilidade de surgirem novas variantes.

Ela ressaltou também a importância da segunda dose. “A primeira dose provoca a
resposta imunológica e a segunda é um reforço. Quando ocorre a primeira, seja de
qualquer antígeno, poucas células de memória são produzidas, a segunda resposta
imunológica é muito mais rápida e eficaz, produz mais anticorpos e células de memória, por isso a segunda dose é tão importante”, resumiu.