Moradores e coletivos do Sul da Ilha realizam, neste sábado (9), a partir das 15h, um grande ato popular em defesa do território, do saneamento e da participação cidadã, com concentração na Igreja São Sebastião, Rua da Capela, Campeche.
A manifestação denuncia os impactos da verticalização acelerada e das mudanças no Plano Diretor de Florianópolis, aprovadas, segundo eles, sem escuta efetiva da população. O movimento também protesta contra a autorização para lançamento de esgoto parcialmente tratado – e sem fiscalização – nas redes pluviais, prática permitida por uma instrução normativa da Vigilância Sanitária.
Mesmo condomínios com tratamento prometido de 95% de eficiência, juntos, deixariam grande volume de poluentes indo para lagoas, rios e praias. Mas a última grande operação de fiscalização, em fevereiro de 2023, divulgada pelo portal ND+, mostrou que o tratamento está longe desse percentual: 85% dos condomínios fiscalizados no Novo Campeche apresentavam tratamento ineficiente — em um dos casos, apenas 12% de eficiência, o que equivale praticamente a esgoto in natura sendo despejado na natureza.
As consequências já são visíveis:
● No Novo Campeche, a drenagem desemboca no antigo canal da Lagoa Pequena, que chega ao mar, com aspecto e odor muito ruins.

● No Rio do Noca, o “Riozinho”, a poluição persiste há mais de uma década.

● Na “Lomba do Sabão”, próximo a R. dos Pinheiros, a situação também é crítica, com canos soltando esgoto a céu aberto onde deveria ser apenas água da chuva.
● No Morro das Pedras, reportagem de abril deste ano aponta cenário semelhante.

Adensamento urbano
A pressão urbana deve se agravar com as ADIs (Áreas de Desenvolvimento Incentivado), que permitem prédios de até 7 ou 8 andares em mais de 20 ruas do Distrito do Campeche, incluindo servidões e travessas. Outro exemplo é o PEU (Projeto de Estruturação Urbana) Refúgio do Campeche, previsto para a área entre a Igreja de Pedra e o campo do Cruz de Malta. Apresentado no Conselho da Cidade, o projeto prevê 3 mil novos moradores, torres de até 12 andares, hotéis e centros comerciais — tudo em área com infraestrutura já saturada e esgoto escoando para a rede pluvial e áreas alagáveis com destino à Lagoa da Conceição.
As entidades envolvidas — AMORITA (Associação de Moradores e Empreendedores do Rio Tavares), AMOCAM (Associação de Moradores do Campeche), Associação de Pescadores Artesanais do Campeche, Fórum Popular do Distrito do Pântano do Sul, Comitê Popular de Luta do Campeche e ADUF (Associação das Dunas de Florianópolis) — alertam para os riscos ao Aquífero do Campeche e à Lagoa do Peri, além do agravamento da crise habitacional, já que os novos empreendimentos se concentram em imóveis de luxo ou studios voltados ao Airbnb.
SERVIÇO:
– Ato Popular: Verticalização no Campeche, não!
– Data: Sábado, 09 de agosto
– Horário: Concentração a partir das 15h
– Concentração: Igreja São Sebastião – Rua da Capela, Campeche
– Encerramento: Puerto Escondido Kioske Mexicano, Rio Tavares
– Atividades: Falas comunitárias, manifestações culturais e passeata até o Rio Tavares, encerrando com show da banda Nouvella.