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Acap 50 Anos ressignifica obra do patrono da Galeria Municipal de Arte de Florianópolis

Patrono da Galeria Municipal de Arte de Florianópolis, o artista que introduziu o grafismo e a tapeçaria como manifestação artística em Santa Catarina tem seu legado ressignificado por 21 artistas

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A diretoria e 21 dos mais de 40 artistas associados da Acap (Associação Catarinense dos Artistas Plásticos) finalizam, cheios de orgulho e expectativa, os detalhes de mais uma exposição – a quarta realizada na Capital em comemoração aos seus 50 anos. A mostra coletiva, “Combinações entre a Natureza e Artifício – Ressignificações da Obra de Pedro Paulo Vecchietti”, abre na terça-feira (7 de outubro), às 16h30, na Galeria Municipal de Arte que tem como patrono o próprio homenageado, um dos oito fundadores da associação.

As exposições, enfatiza o presidente Gelsyr Ruiz, foram planejadas para que a Acap possa reverenciar a história de seus fundadores e artistas parceiros, ao mesmo tempo em que abre espaço para os novos talentos, alguns deles nem nascidos quando a associação foi fundada. A curadoria do projeto é assinada por Meg Tomio Roussenq e Anna Moraes.

Artista gráfico por formação, Pedro Paulo Vecchietti deixou um legado na história da arte catarinense ao ser um dos pioneiros a incluir a tapeçaria e os grafismos entre as manifestações artísticas. Embalados pela sua marca, surgiram obras marcantes que podem ser conferidas da próxima terça-feira até 6 de novembro.

Antes de chegar à galeria municipal, a Acap já ocupou três outros importantes espaços da arte – em fevereiro, com a ressignificação do fundador Max Moura, na Fundação Cultural Badesc; em agosto, com “Hassis [o circo como palco da relação entre arte, ironia e política]”, na Fundação Hassis; e em setembro, com “Desdobramentos de uma História”, no Espaço Cultural BRDE.

A arte gráfica das vinhetas em novas formas e nuances

Nascido em 1933, em Florianópolis, Pedro Paulo Vecchietti viveu e desenvolveu sua arte na terra natal. Morreu aos 60 anos, em 1993. Homem à frente de seu tempo, se inspirou no pai, que trabalhava como cartógrafo e designer. Em uma época em que o processo gráfico era artesanal, ele inseriu os elementos gráficos em suas obras. E tornou-se uma espécie de mestre das vinhetas, além de também ter explorado a tapeçaria como poucos – técnica que começou a ser difundida no Brasil nos anos 1970 e 1980, revolucionando as artes visuais.

Vecchietti, que se dedicava às matrizes para reprodução em serigrafia, também explorou a técnica de bordado em talagarça e também começou a usar o tear, onde o desenho é tramado simultaneamente ao tecido. Durante mais de dois anos, os últimos de sua vida entre 1991 e 1993, ele trabalhou na reprodução das vinhetas em tear manual no atelier da artista visual Clara Fernandes. 

O mergulho na obra de Vecchietti resultou em instalações, telas, pinturas, bordados, colagens e tapeçarias. “Olhar de Medusa” O artista Gavina, que vem explorando o urdume e a trama em papéis xilogravados para compor metáforas da natureza e de sua destruição, apresenta a “Olhar de Medusa”, onde estabelece diálogo entre a produção de Vecchietti e sua própria pesquisa artística. 

O primeiro surge nas tapeçarias, onde as vinhetas ganham corpo e textura. O entrelaçamento, presente em ambos os trabalhos, ecoa como uma ponte temporal entre sua pesquisa e a tessitura de Vecchietti. O segundo ponto de convergência, lembra Gavina, manifesta-se no tema da natureza da Ilha de Santa Catarina. As vinhetas de Vecchietti, povoadas por elementos florais e imaginários botânicos, encontram espelho na ressignificação proposta em Olhar da Medusa, encontrando eco nas questões urbanas atuais de Florianópolis, em especial nas discussões em torno do Plano Diretor e dos processos acelerados de verticalização da cidade.

“Fios e o caos do emaranhado cibernético”, da vice-presidente da Acap, Maria Esmênia, traz os fios que evocam questões ligadas às memórias, o tempo, o gesto manual, o frágil na vida cotidiana da sociedade. No mundo marcado por conexões digitais, crises urbanas e tensões sociais, o fio continua sendo presença obrigatória no campo das tecnologias e infraestruturas urbanas. 

Em sua obra, cabos de fibra óptica, fios elétricos, fios de cobre reaproveitados, roubados, queimados ou cortados, compõem uma trama simbolizando as conexões sociais e digitais cheias de falhas e impossível de desembaraçar totalmente. Entrelaçados desordenadamente, eles sintetizam uma crítica ao excesso de informação e ao colapso da comunicação. “Em suma, ressignifico Pedro Paulo Vecchietti incorporando seus fios como metáforas das redes invisíveis que sustentam a vida moderna”, observa ela, que usou a pesquisa de Elke Offe Hulse e Sandra Makowiecky, “O Ornamento de Pedro Paulo Vecchietti”, para criar a instalação.

A preservação da cidade nos seus detalhes

Outra visão da Capital surge em “Símbolo Cartográfico 1”. Nele, Ângela Vielitz usou um estandarte em tecido de algodão com uma imagem fotográfica recortada e bordada do mapa de Florianópolis. O bordado sugere os artifícios da natureza, com fios que remetem às ondas do mar. “Sempre pautei em meus trabalhos os elementos da natureza, e achei pertinente trazer de volta a paixão do artista pela natureza da nossa Ilha”, observa.

Rodrigo Gonçalves volta a explorar os tecidos e suas vibrações em “Ornamento ao Vestígio”, em que as formas sugerem um corpo que se dobra costurado e contornado por uma linha vermelha que sangra. O ornamento deixa de ser padrão e se torna território de passagem, lugar onde a matéria retém algo que não quer ser esquecido. 

Do diálogo entre a obra de Vecchietti e sua pesquisa pessoal em aquarela, Gabriela Luft criou “Herbarium Architectonicum”. Inspirada por esse olhar atento e cuidadoso da cidade, assim como o artista criou uma gramática visual, transformando elementos da cidade em linguagem artística, ela criou um inventário imaginário, transpondo fachadas e ornamentos urbanos ao universo das espécies vegetais. “A ideia do herbário sempre esteve ligada ao ato de preservar, classificar e registrar espécies da natureza. Ao trazer esse conceito para a arquitetura, proponho um deslocamento poético: tratar os ornamentos de fachadas como se fossem espécies raras a serem preservadas. Arabescos, flores esculpidas, rendas de ferro e detalhes de janelas passam a ser vistos como elementos vivos, que carregam a história e a identidade de um lugar”, detalha.

A série de Gabriela tem 12 aquarelas apresentadas como pranchas de um herbário. Em cada uma, um ornamento urbano é acompanhado por um nome científico inventado e uma breve descrição. “Minha intenção é convidar o público a um olhar mais lento, capaz de perceber a beleza que se revela nos detalhes. A memória se mantém viva quando é compartilhada, e a arquitetura da cidade merece cuidado e preservação. Reflete nossa cultura e história e valoriza a atenção aos detalhes que tornam nosso cotidiano mais significativo.”

Em “Impressão do Vivo”, Marlene Eberhardt entende que o trabalho de Vecchetti constrói um território híbrido, em que o orgânico, o geométrico e o gesto humano se entrelaçam. Sua obra propõe uma síntese poética onde natureza e artifício se revelam inseparáveis. O geométrico se insinua na monotipia da renda de bilro, discretamente aplicada, como vestígio de ordem e estrutura. Já o gesto artificial se afirma na pincelada amarela, incisiva e consciente, que atravessa e tensiona o campo pictórico.

Novamente trazendo a cerâmica como elemento principal de sua obra, Dulce Penna criou “As Tramas da Vida”, onde mescla tapeçaria com cerâmica biscoito, queimada a 980°. A inspiração veio de um sonho que a impactou. “Eu estava trabalhando com uma cerâmica preta (e eu nem sabia que existia), em que o preto se transformava e se mesclava com um verde e irradiava luz. Pensando em como ressignificar a obra de Vecchietti, comecei a criar placas de cerâmica preta com furos por onde passariam os fios para tecer uma tapeçaria de cerâmicas! E os fios surgiram como num passe de mágica: o verde do sonho. O gesto de tecer atravessou meu corpo e transformou meus pensamentos e sentimentos em momentos de prazer e criação. A cor verde, a trama e as formas repetidas foram inspiradas na obra de Vecchietti. E me ajudou a tecer as tramas e experiências vivenciadas em minha vida.”

PARA VISITAR

Abertura: 7/10/2025, das 16h30 às 18h

Quando: de 8/10 a 7/11/2025, das 12h às 18h, de segunda a sexta-feira

Quanto: entrada gratuita

Onde: Praça 15 de Novembro, 180. Centro, Florianópolis

PRÓXIMAS EXPOSIÇÕES  

Museu Victor Meirelles 

“Movências: Ressignificação dos oito fundadores da Acap: Eli Heil, Franklin Cascaes, Martinho de Haro, Max Moura, Ernesto Meyer Filho, Pedro Paulo Vecchietti, Rodrigo de Haro e Vera Sabino”.

Quando: de 19/11 a 31/1/2026 

Mesc (Museu da Escola Catarinense)

Coletoras: Ressignificação de Eli Heil e Vera Sabino

Quando: de 5/12/2025 a 31/1/2026 

Para acompanhar a Acap:

Site: https://www.acap-art-sc.com/  

Instagram: @acap.art.br

Facebook: https://www.facebook.com/acap.art.br/

Youtube: @acap-associacaocatarinense7031

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