O programa Ambula Trans de São José foi destaque na 5ª Mostra Catarinense “Brasil, aqui tem SUS”, realizada essa semana no 8º Congresso do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (COSEMS/SC). De 452 experiências inscritas, o projeto
josefense se classificou entre as 20 melhores experiências e vai representar o estado na Mostra Nacional de Saúde, em Goiânia, no mês de julho.
O Ambula Trans de São José é o segundo dos dois únicos de Santa Catarina, e o primeiro multiprofissional de cuidado integral no Estado. O serviço é referência, e já serve de modelo para outras Prefeituras, que buscam conhecer de perto o trabalho desenvolvido, para usar como modelo e implantar em suas respectivas cidades.
Congresso
As atividades desenvolvidas pelo projeto foram apresentadas durante o Congresso, que trouxe à tona diversas práticas exitosas e criativas desenvolvidas nos municípios do Estado. Além das apresentações, a Mostra teve foco em gestão e contou com mesas redondas de debates com técnicos do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Os temas principais foram planejamento estratégico, regionalização e pactuação, financiamento, sistemas e tecnologia de informação.
As 20 melhores experiências, classificadas na 5ª Mostra Catarinense, serão apresentadas e irão representar Santa Catarina na Mostra Nacional, em Goiânia, no mês de julho. O encontro, considerado o maior fórum de discussão sobre saúde pública do país, deve reunir mais de 5 mil pessoas entre gestores, trabalhadores e profissionais do SUS de todos os estados.
A secretária de Saúde, Sinara Simioni, afirma que esse tipo de evento oportuniza os municípios trocarem conhecimento entre si e também promove as melhores práticas adotadas pelas equipes de saúde. “O Congresso será uma excelente oportunidade para divulgarmos o nosso trabalho, evidenciando essa ação tão inovadora que desenvolvemos em São José”, lembrando que o foco agora é expandir e aperfeiçoar o Ambulatório, ampliando o acesso das pessoas transgênero aos serviços.
“Não tinha nenhum outro projeto inscrito com essa temática. Fiquei muito feliz principalmente com a repercussão do nosso trabalho. Foram experiências incríveis e houve muita troca entre os participantes. Muitos representantes de outros municípios elogiaram o empenho de São José com a população transgênero, o que pode gerar ainda mais
contatos para possível replicação do trabalho”, salientou o idealizador do projeto, Hubert Back.
Sobre o Ambula Trans
Ciente da situação de vulnerabilidade da pessoa trans, que na maioria das vezes não tem acesso a serviços de saúde especializados, a Prefeitura de São José decidiu aprimorar o cuidado integral à população transgênero, de maneira interdisciplinar, promovendo
equidade a uma população sócio historicamente superestimada.
Desde quando foi criado, em maio de 2021, foram contabilizados mais de 2,5 mil atendimentos, um indicativo importante para a comunidade LGBTQIA+, que de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA), compõe 2% da população brasileira.
Em relatório divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil continua sendo campeão de desrespeito e violência com pessoas trans. Pelo 14º ano seguido, somos o país que mais mata pessoas destes gêneros no mundo. São 131 trans e travestis assassinados no país em 2022. O Brasil também lidera o consumo de pornografia trans, no mundo.
A iniciativa promove o acolhimento clínico à pessoa trans, com equipe de profissionais capacitados. O Ambula Trans fica localizado dentro da Policlínica de Campinas (3º andar) e lá são ofertadas consultas médicas e de enfermagem, testes rápidos, aconselhamento psicológico e apoio sócio familiar, para usuários cadastrados nas UBS. O serviço, gratuito, é realizado nas terças-feiras, das 18h às 22h, e a equipe técnica está estudando a possibilidade de ampliar o serviço para mais dias.
O programa sediou recentemente uma pré-conferência, onde foram discutidas propostas junto à população e posteriormente levando-as para a Conferência Municipal de Saúde. Assim ganhou destaque com propostas de ampliação e melhoria, assim como levou propostas para serem discutidas na macrorregional e na Conferência Estadual.
“O Ambula Trans, como mecanismo de assistência em saúde, ocupa um lugar muito importante, ultrapassando o serviço de saúde e propondo engajamento social dos usuários, através da participação popular. O que, por conseguinte, também leva a uma busca e luta políticas por direitos básicos como o acesso à saúde, respeito ao nome social em todos os ambientes públicos e privados, entre outras coisas que reverberam a partir disso”, concluiu Hubert.