O Cine Garagem 2025, promovido pela Fundação Cultural Badesc, será nos dias 15 e 16 de agosto. A partir das 19h serão exibidos, na terceira edição do projeto, quatro curtas-metragens que colocam o cinema indígena como agente de transformação. A entrada é gratuita e os lugares serão ocupados por ordem de chegada. Em caso de chuva, a programação será adiada.
Com curadoria da cineasta, Cláudia Cárdenas, a mostra é dividida em duas sessões, na sexta, dia 15, além da exibição dos filmes, será promovido um debate com presenças especiais dos realizadores dos curtas. Já no sábado, a sessão será acessível, com audiodescrição e interpretação em Libras.
“Dentro de uma perspectiva de reencantamento da realidade, buscar o cinema indígena como agente de transformação é a tentativa de encontrar uma forma de nos redirecionarmos para uma relação com a natureza que seja de preservação, cuidado e respeito”, destaca a Cláudia.
A curadora destaca ainda que os filmes que serão exibidos nessa programação desejam resgatar a ancestralidade indígena numa perspectiva de enfrentamento dos restos do colonialismo em busca da reconstrução do imaginário social e político brasileiro.
Selecionados
Os curtas da programação abordam diferentes dimensões da espiritualidade, memória e resistência dos povos indígenas. Em “Tape Porã Arandu”, de Beatriz Fernanda das Chagas Regis, acompanhamos Karaí Tupã, um centenário rezador Guarani Mbya, que narra a expulsão do Tekohá Araça’í e rememora o legado de luta pela terra e pela cultura de seu povo.
“Wherá Tupã e o Fogo Sagrado”, de Rafael Coelho, revela a sabedoria de Alcindo Wherá Tupã, líder espiritual Guarani de 109 anos, guardião do Fogo Sagrado, e apresenta cenas inéditas de um ritual de cura, refletindo a sensibilidade e força espiritual dos Guarani.
Já “Os Sonhos Guiam”, de Natália Tupi, retrata as experiências sensoriais e espirituais do jovem líder indígena Mateus Wera, da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo, mostrando como os sonhos conectam passado, presente e futuro na trajetória de luta de seu povo.
“Aqui Onde Tudo Acaba” é um curta-metragem experimental de Cláudia Cárdenas e Juce Filho, que transita entre o documentário e a ficção, realizado coletivamente na Aldeia Bugio, e busca reativar a memória das origens do povo Laklãnõ/Xokleng por meio de imagens em 16mm e revelação botânica.
A Fundação Cultural Badesc fica na Rua Visconde de Ouro Preto, 216, no Centro de Florianópolis. No @fundacaobadesc é possível acompanhar a programação completa.
Sobre a curadora
Cláudia Cárdenas atua como cineasta, professora, curadora, exibidora de filmes e agente da política cultural pró cinema em Florianópolis. Seu trabalho como realizadora cinematográfica inclui pesquisa, roteiro, arte e direção de inúmeros curtas e longas experimentais e documentários premiados em editais de produção e realização do município de Florianópolis e do Estado de Santa Catarina. Juntamente com Rafael Schlichting, Cláudia compõe o Duo Strangloscope, dupla que tem expressão artística audiovisual no campo do cinema experimental reconhecida e premiada em festivais no Brasil e no exterior, com mais de 30 obras realizadas nestes 23 anos de parceria. Além de realizadores, os dois criaram e dirigem o Festival Inflamável de curtas em Super 8 e 16mm, a Strangloscope – Mostra de áudio, vídeo, filme e performance de cinema experimental e o Festival Audiovisão.