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Arte de Rodrigo de Haro exposta no Instituto Collaço Paulo

Por meio de Rodrigo de Haro, em pinturas, desenhos e objetos, é possível pensar Florianópolis nos anos 1970 - período emblemático na história cultural da cidade

Um expressivo núcleo da Coleção Collaço Paulo ganha visibilidade no Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, em Florianópolis, na mostra “Máscara Humana”, que reúne obras criadas por Rodrigo de Haro (1939-2021), das quais 80 são pinturas e desenhos e 25 objetos que pertenciam ao artista, um erudito, autor de uma produção extensa em artes visuais, além de inúmeros livros que o consagram como poeta. O público tem acesso gratuito a partir desta quarta-feira, dia 16, com visitação aberta até 26 de abril de 2025.

“Máscara Humana” propõe uma incursão na produção de Rodrigo de Haro criada entre meados da década de 1960 e o começo dos 1980. A máscara, símbolo recorrente nas suas composições, situa a curadora Francine Goudel, “remete à ideia de uma dualidade inerente à natureza humana: aquilo que se revela e aquilo que se esconde; tema amplamente explorado pelo artista”. Goudel atua como curadora-chefe do Instituto Collaço Paulo, tendo concebido desde 2022 três propostas curatoriais a partir da Coleção Collaço Paulo, uma realizada em parceria com o pesquisador Ylmar Corrêa Neto.

Palco dos humanos

A máscara humana conduz as ideias de Rodrigo de Haro e resulta como uma metáfora para o palco dos humanos, uma produção que, entende a curadora, aponta “um tecido social mítico e fantasioso”, com figuras andrógenas, femininas, ambíguas, desenhos e pinturas em que transparecem sexualidade, liberdade, instinto, espiritualidade.

O conjunto de obras, a maioria criada nos anos 1970, convida a pensar em uma década efervescente em uma Florianópolis em busca de modernização. Nesse período, quando o artista viveu uma intensa vida social na capital catarinense, a produção “aprofunda-se em cenas que desvelam as essências humanas, em ficções complexas, personagens que evidenciam suas personalidades, temperamentos, profundidades e sutilezas, orientados por uma densa carga simbólica”. Por fim, a curadora Francine Goudel situa o legado de Rodrigo de Haro enraizado no contexto local, mas em diálogo “com a universalidade da arte, explorando questões atemporais dos seres, entre temas que a contemporaneidade discute com ênfase e que para o artista, em sua época, já eram temas caros, como a metalinguagem da pintura e a subversão dos planos estéticos estabelecidos, a ambiguidade humana, gênero e sexualidade”.

A exposição “Máscara Humana” conta com o apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi), apoio cultural da Ibagy, Cassol, Softplan, Hurbana, Corporate Park e Paradigma Cine Arte e patrocínio da Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Com esse engajamento empresarial, o Instituto Collaço Paulo garante o acesso das ações educativas e inclusivas, oferta o transporte para grupos de estudantes da rede pública municipal para acompanhar visitas mediadas e práticas imersivas.

Sobre a coleção, a amizade e Florianópolis

Como se forma um núcleo de um determinado artista dentro de uma coleção como a Collaço Paulo? Entre múltiplas possibilidades, primeiro no desejo e valorização do trabalho artístico; depois, pelo conhecimento e convívio com o artista e a cidade. Ao abrir o acervo, ao se deter no conjunto de trabalhos, Marcelo Collaço Paulo, diretor-presidente do Instituto Collaço Paulo, deixa a memória no fluxo das lembranças de uma amizade de longa data,.de afetos e falas da juventude, recortes da vida nos anos 1970 de uma capital localizada numa ilha.

Da proximidade, “do privilégio de conhecer e contar com a amizade deste grande artista”, Collaço Paulo guarda um Rodrigo inteligente, mordaz, com fala pausada e alguém capaz de aglutinar seguidores. “Florianópolis nos anos 1970, regime militar, vivia-se mudanças de comportamento. Jovens ávidos por mudanças, roupas coloridas, movimentos hippies, drogas, sexo e liberdade. Rodrigo se inseria neste contexto como repórter das ações e movimentos. Suas obras retratavam as ambiguidades do ser humano. Não havia preocupação com as transformações na pintura, com o moderno ou concreto ou com a geração de artistas da sua época. Mas sim com o que somos capazes. Como oráculo nas obras, abordava o erotismo, o olhar penetrante que busca a conquista, falava sobre sexo, drogas, feminícidio, homossexualidade e gênero, trazendo para a pintura nos anos 60 e 70”, diz Collaço Paulo.

Para o colecionador, sobretudo a produção dos anos 1970 de Rodrigo de Haro desmascara o que estava oprimido, sinaliza como a sociedade clamava por uma liberdade de comportamento e discutia o impacto das mudanças mundiais. “Seus amores e dissabores eram reportados nas telas. Ele, simbolista, seus enigmas precisavam ser decifrados tal qual a mente e abrir os códigos fechados por muitos anos. Rodrigo foi o porta-voz de uma época, além da beleza pictórica, um vaticinador das mudanças de um jovem que se depara com a dissecção do corpo e da alma.”

Programas públicos paralelos

Como de praxe, a exposição aciona um conjunto de ações vinculadas aos programas públicos. Uma delas, reveste-se de ineditismo, já que se trata do primeiro livro impresso com o selo da instituição. O lançamento de “Rodrigo de Haro e a Ópera do Mundo”, de Raul Antelo, será precedido por um Instituto Conversa com o autor.

Também estão planejados dois Sábados com Arte, programa que atende a comunidade interessada em atividades de cunho educacional e lúdico, realizados gratuitamente mediante inscrição.

Embora sem tema correlato à exposição, há dois outros eventos no prazo de realização. O primeiro, é uma aula aberta de Camilla Aquino sobre Weingartner. Após, lançamento do livro “Mergulhos na Coleção Collaço Paulo”, uma iniciativa que aproxima o instituto, o Programa de Pós-gradução em Artes Visuais (PPGAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

O segundo evento, chama-se Instituto Homenagem: Carlos Humberto Corrêa, com um encontro aberto que consiste em uma fala da jornalista Néri Pedroso e outra de Ylmar Corrêa Neto, filho do homenageado. Após, abre-se um diálogo sobre as abordagens feitas em torno daquele que se consagrou sobretudo como historiador, um intelectual e gestor público que deixou enorme contribuição para a cidade. A intenção neste caso é mapear o legado no campo museológico e das artes visuais já que ele dirigiu o Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), entre 1963 e 1969.

Rodrigo de Haro – Breve biografia

Rodrigo Antonio de Haro (1939- 2021) nasce em Paris, na França, e chega ao Brasil, com os pais Martinho (1907-1985) e Maria Palma de Haro (1914-2000), com um ano de idade. Inicialmente o casal instala-se no Planalto Serrano de Santa Catarina, onde a família desfruta a estância até 1942, quando vem morar em Florianópolis (SC). No intenso movimento da casa paterna, Rodrigo contagia-se pelos movimentos no ateliê do pai, molda um perfil intelectualizado e universalista. Cedo escreve o primeiro poema, lê os clássicos, refina a inteligência, sensibilidade e memória excepcional, tornando-se ao longo dos anos em um dos mais eruditos catarinenses. A casa dos pais entre os anos 1950 e 60 é uma referência de intelectuais e artistas. Nela, joga-se xadrez, exibem-se filmes cults, discute-se arte, poesia, cinema, política, a vida da cidade. Nesta década, Rodrigo participa da revista Sul editada entre 1947 e 48 pelo Grupo Sul, movimento artístico que introduz o modernismo em Santa Catarina. Escritores e artistas jovens aparecem juntos no campo das ideias.

Nos anos 1970, Rodrigo mora entre o Rio de Janeiro e São Paulo, onde convive com artistas, poetas e músicos renomados da cena cultural brasileira. Traduzido por Walmir Ayala (1933-1991), participa da primeira edição de poesia moderna brasileira no México. Em recitais e mostras em diferentes Estados, em importantes galerias e instituições museológicas, ele acentua as articulações com o circuito artístico do eixo Rio-SP. Pietro Maria Bardi (1900-1999), Walmyr Ayala e Mario Schemberg (1914-1990) legitimam em catálogo uma individual em São Paulo. É destaque na mostra de arte fantástica no Paço das Artes (SP) e, em 1979, está no Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM/SP).

“Um dos exemplos da arte sul-americana mais definitivos dentro da contemporaneidade”, afirma o crítico Fábio Magalhães. Nos anos 1990, o artista segue inserido no circuito artístico nacional com exposições individuais e coletivas como a 2ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (RS). Em 2011, o reconhecimento no Salão Victor Meirelles com Sala Especial no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc).   Na história cultural de Santa Catarina, o legado situa-se em pinturas, desenhos, murais cerâmicos, poesia – artes visuais e literatura. Nunca se distanciou de uma prática ou outra, com uma fortuna crítica em ressonância nacional. Além de um conjunto de livros manuscritos e ilustrados, o desenhista, pintor, poeta, contista e editor manteve-se lúcido e atuante até a morte, em 2021, dono de um saber sem comparativo no Estado. Tema de exposições, estudos, artigos e publicações, torna-se obrigatória uma ampla pesquisa sobre a sua vida e trajetória – festejado e reconhecido no amplo espectro das sociabilidades catarinenses.

Sinopse

Ávido na observação da condição humana, em suas composições Rodrigo de Haro (1939-2021) recorre frequentemente ao símbolo da máscara. Objeto imprescindível no palco da humanidade, esse signo plural conduz nesta exposição por entre os temas explorados pelo artista na década de 1970, em um recorte da Coleção Collaço Paulo. A criação de personagens, as fabulações ambíguas e sujeitos que transparecem instinto e sexualidade encenam um tecido social libertário, mítico e fantasioso, produzidos em um período singular da história. As composições de forte carga simbólica têm suas raízes exercidas em um contexto local, mas em diálogo com a universalidade da arte e às questões atemporais dos indivíduos.

Equipe Técnica

Acervo: Coleção Collaço Paulo

Acervo fotográfico: Espólio de Rodrigo de Haro – Arquivo Idesio Leal

Curadoria, expografia, produção executiva e textos: Francine Goudel

Assessoria de imprensa, revisão e edição de textos: Néri Pedroso

Material e ações educativas: Joana Amarante e Marcello Carpes

Coordenação de acervo e montagem: Cristina Maria Dalla Nora

Conservação e restauração do acervo: Sára Fermiano

Montagem: Flávio Xanxa Brunetto

Apoio de montagem: Adriano Lessa, Joana Amarante e Marcello Carpes

Material gráfico e identidade visual: Lorena Galeri

Gestão de mídias sociais: Natália Régis

Fotografia da coleção: Eduardo Marques

Captação de recurso e produção administrativa: Harmônica Arte e Entretenimento

Realização: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação

Apoio: Sesi

Apoio Cultural: Ibagy, Cassol, Softplan, Hurbana, Corporate Park e Paradigma Cine Arte

Patrocínio: Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes e Prefeitura de Florianópolis

Serviço

O quê: mostra “Máscara Humana”, de Rodrigo de Haro

Quando:16.10.2024 a 26.4.2025; seg. a sáb., 13h30 às 18h30

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: 3025-4058

Quanto: gratuito

Serviço

O quê: Instituto Conversa com Raul Antelo e lançamento do livro “Rodrigo de Haro e a Ópera do Mundo”, de Raul Antelo

Quando: 29.10.2024, 16h30 às 18h (Inst. Conversa); Lançamento livro, 18h

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: 3025-4058

Quanto: gratuito

Serviço

O quê: Sábados com Arte (programa público)

Quando: 9.11.2024, 14h

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: 3025-4058

Quanto: gratuito

Serviço

O quê: aula aberta de Camilla Aquino sobre Weingartner. Após, lançamento do livro “Mergulhos na Coleção Collaço Paulo” Instituto/PPGAV-Udesc

Quando: 12.11.2024, 16h às 18h; Lançamento livro, 18h

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: 3025-4058

Quanto: gratuito

Serviço

O quê: Instituto Homenagem: Carlos Humberto Correa, com Néri Pedroso e Ylmar Correa Neto

Quando: 26.11.2024, 16h30

Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: 3025-4058

Quanto: gratuito

Saiba Mais

www.institutocollacopaulo.com.br

@institutocollacopaulo

educativo@institutocollacopaulo.com.br

Teaser 2024 Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação

Realização

Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação

Apoio

Sesi

Apoio Cultural

Ibagy, Cassol, Softplan, Hurbana, Corporate Park e Paradigma Cine Arte

Patrocínio

Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (modalidade doação), Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes

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