O auditório da prefeitura da Capital, localizado no prédio da rua Conselheiro Mafra, ficou completamente lotado na tarde desta segunda-feira (9), para a mudança do comando da Secretaria de Casa Civil do governo Topázio Neto (PSD). O prestigio foi para quem sai: Ronaldo Brito Freire; e também para quem entra: Thiago Oliveira.
Para cada momento político o prefeito Topázio molda o perfil do comando da sua secretaria de articulação política. Quando precisava montar uma super coligação para sua reeleição, Freire “deu as tintas” na Secretaria de Governo ao lado do habilidoso Carlos Mamute, que até a eleição no ano passado era o titular da Casa Civil. Mamute e Ronaldo construíram uma verdadeira máquina política, administrando o interesse de vários partidos políticos.
Ambos ajudaram na formação da supercoligação que deu a Topázio quase 60% dos votos, o maior percentual de um prefeito em Florianópolis. Mamute foi para novos desafios e assumiu a chefia de gabinete da presidência da Alesc. Assim, Freire assumiu a titularidade da Casa Civil da prefeitura neste início de ano. Seguiu formando time, agora um time de governo. Digamos assim, essa foi a primeira parte do governo Topázio.
Agora, com a solenidade desta tarde fria de segunda sai o “formador de time” e assume a Casa Civil o habilidoso “articulador”. Quem conhece Thiago sabe de sua longa experiência na arte do diálogo político. Sabe de seu conhecimento com o trato dos interesses políticos, desde quando iniciou sua vida pública, ainda como vereador em Lages, na Serra Catarinense.
O desafio: a câmara
O principal desafio do novo secretário será adocicar a relação do Governo Topázio com o Poder Legislativo. A Base é ampla, conta com maioria absoluta para aprovar qualquer projeto inclusive mudanças na Lei Orgânica que exigem 2/3 ou 16 votos. Nesses seis meses de governo todas as pautas foram aprovadas, inclusive a espinhosa reforma da previdência dos servidores municipais.
Mas, essa paz aparente esconde em seus bastidores fissuras de relacionamentos. Há muito ruído na comunicação. Disputas por espaços de pré-candidatos a deputado nas eleições do ano que vem minam as costuras entre os interesses do Executivo e os vereadores. Há, digamos assim, uma necessidade de discussão da relação. Uma reorganizada na tropa.
E, para fazer essa D.R., Thiago Oliveira conta com uma vantagem. Presente na posse, o presidente da Câmara, João Cobalchini (MDB) agradeceu Ronaldo pela relação republicana e lembrou o quanto conhece Thiago. O agora chefe da Casa Civil foi assessor do seu pai, o deputado federal Valdir Cobalchini, quando este respondia pela Casa Civil do saudoso governador Luiz Henrique da Silveira (MDB), em 2010. Lembrando aqui que Thiago já foi filiado ao MDB e atualmente faz parte do Podemos.
Ao fazer essa lembrança o presidente da Câmara se mostrou aberto a ampliar as costuras políticas. “Conte comigo como cidadão e como presidente da Câmara e pode ter certeza que vamos trabalhar como música pelo bem da cidade”, disse Cobalchini.
Pois são esses laços de vínculo justamente que Thiago terá que recorrer para aparar arestas do governo com o presidente da Câmara e com a base. Projetos que estão parados na Casa indicam que a relação não vai bem. Cobalchini reclama de espaços políticos perdidos e o desafio do novo secretário será avançar com esse diálogo. Aliás, não só com João, mas com todos os 23 vereadores, como pediu na solenidade o prefeito Topázio.

Topázio agradeceu a Ronaldo que sempre esteve com ele, desde que o prefeito ingressou na política e desejou boas-vindas a Thiago lembrando que na sua gestão “o objetivo sempre é o melhor pra cidade”. Ele também colocou o pai de Thiago, que se fez presente, o desembargador Altamiro Oliveira para falar. “Tenho certeza que o Thiago vai encaixar bem nesse projeto porque se tem uma coisa que o Thiago sabe fazer é política”, disse o pai.

“Diálogo aberto, republicano e construtivo”
O novo secretário da Casa Civil, Thiago Oliveira prometeu ter com todos um “diálogo aberto, republicano e construtivo”. Ele falou que pretende ampliar a articulação da secretaria administrativa e avançar com a relação no Parlamento. Para isso, conta com a experiência de quem já foi vereador.
Thiago ainda disse que pretende dar continuidade nas pautas já iniciadas por Ronaldo além de oferecer o suporte adequado para o prefeito e governo como um todo. “Teremos um diálogo constante tanto dentro da administração como com toda a sociedade e com o poder legislativo”, frisou. “Vamos qualificar e ampliar os processos e que cada decisão seja tomada com responsabilidade”, completou.
Agradecimentos
Na sua fala Ronaldo Freire desejou um bom trabalho a Thiago Oliveira, com quem disse ter um relacionamento de anos, em vários movimentos políticos. “Sempre foi um homem reto e de palavra”, definiu.
Em seguida fez agradecimentos. Agradeceu ao líder do governo, vereador Diacono Ricardo (PSD) e em seu nome a todos os vereadores e fez uma menção especial ao presidente Cobalchini.
Também agradeceu ao secretário adjunto, Eduardo de Souza, quem definiu como “super comprometido no atendimento e às causas da cidade”. Agradeceu a equipe da Secretaria como um todo, bem como a ex-secretário da Casa Civil, Carlos Mamute e ao atual secretário de Governo Fábio Botelho, os quais nunca mediram esforços no trabalho de articulação.

Ao agradecer a família e amigos, Ronaldo lembrou que tem uma história de mais de 40 anos na política e esse foi um desafio nessa longa jornada. Ronaldo lembrou que a atual administração iniciou com uma base construída na eleição de 15 vereadores e chegou a 18 com os dois do União Brasil e Renato da Farmácia do PSDB. Destes, mesmo com a crise do projeto da Previdência, o governo perde apenas um, em tese, Mama do UB.
Ao novo secretário Ronaldo entregou um relatório, onde, por certo, devem constar projetos aprovados, como do Formiguinha – aprovado por unanimidade – e o da reforma da previdência, além de outros que agora são de sua responsabilidade.
Ronaldo foi o secretário para formar o time e dar o start de governo. Thiago assume para consolidar a governabilidade e aparar arestas.