Julho Verde é o mês dedicado à conscientização para a prevenção do
câncer de cabeça e pescoço. Adotar hábitos saudáveis e ficar atento aos fatores de risco são atitudes fundamentais para evitar a doença. O Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON), unidade da Secretaria de Saúde de Santa Catarina, sob gestão da FAHECE, reforça a orientação de não fumar, inclusive o cigarro eletrônico, e evitar o excesso de bebida alcoólica.
O presidente da FAHECE, Dr. Alvin Laemmel, afirma que a informação é a arma fundamental para o diagnóstico precoce da doença. “Estamos comprometidos em conscientizar a população e qualificar os nossos serviços, tanto com ampliação e modernização do parque tecnológico, quanto no aumento da capacidade de atendimento para entregar mais chances de cura aos nossos pacientes”, afirmou. De acordo com ele, ao lado da Secretaria de Estado da Saúde, a Fundação se mantém alerta para entregar o melhor cuidado para os pacientes, favorecer o diagnóstico precoce e reforçar o tratamento avançado da doença e os cuidados paliativos.
De janeiro a maio de 2024, o CEPON registrou cerca de 60 novos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, além de 618 consultas médicas relacionadas à especialidade e 147 cirurgias de alta e média complexidade.
A previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o estado de Santa Catarina, neste ano de 2024, é de que surjam 1.390 novos casos de câncer de cabeça e pescoço, incluindo nesta soma os cânceres de cavidade oral, tireoide e laringe. Se somarmos o câncer de pele melanoma, que também atinge a região da cabeça e pescoço, o número sobe para 2.430 casos. Em Florianópolis, desses números, são estimados 330 novos casos, sem incluir pele melanoma.
Sinais de alerta
De acordo com o coordenador do setor de Cabeça e Pescoço do CEPON, Dr Gilberto Vaz Teixeira, a população deve ficar atenta a diversos aspectos. “No câncer de pele, o sinal é uma ferida na pele, uma mancha escura ou uma ferida que não cicatriza, geralmente nas áreas expostas ao sol. No câncer de boca, os pacientes costumam se referir às feridas como aftas, inicialmente, mas que não cicatrizam”, explica. Geralmente o período limite para essa cicatrização é de três semanas. Já no câncer de garganta, a pessoa tem dificuldade de engolir, pode engasgar e cuspir sangue. No câncer de laringe, o sintoma é a rouquidão que não melhora após três semanas.
O médico lembra ainda que a semelhança entre o câncer de boca, garganta e laringe é o perfil do paciente. “Geralmente, são pacientes acima dos 50 anos de idade, com histórico de tabagismo e etilismo e com exposição ao HPV.”
Ele destaca que a diferença entre uma afta, que é uma lesão inflamatória, e o câncer, é que a afta dói bastante e o câncer no início não dói, só numa fase mais avançada.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cabeça e Pescoço, no Brasil, por volta de 70% dos casos de câncer de cabeça e pescoço são descobertos já em fases avançadas, por diversos motivos, como a falta de informação das pessoas sobre a doença, dificuldade ao acesso para exames e consultas, dentre outros. O diagnóstico tardio aumenta a possibilidade de sequelas e diminui as chances de cura. Diagnosticado em fase inicial, as chances de cura são de aproximadamente 90%, por isso, o diagnóstico precoce é fundamental.
No CEPON, o paciente possui tratamento multiprofissional, abrangendo além do médico especialista, odontologia, fonoaudiologia, nutrição, psicologia, fisioterapia e enfermagem. De acordo com a fonoaudióloga do CEPON Talitha Assis Menna essa abordagem é essencial para a melhora do tratamento.
“A importância da fonoaudiologia é a detecção, avaliação, orientação e reabilitação dos fatores relacionados à voz, à fala, à mastigação e à deglutição, podendo colaborar também com os fatores relacionados à audição, fornecendo orientações e encaminhamentos para melhores cuidados” afirma.