Mais de 600 estudantes do Colégio Salvatoriano Nossa Senhora de Fátima, no bairro Estreito, em Florianópolis, participam de projetos que têm a missão de transformar a solidariedade em experiências concretas, desenvolvendo valores humanos, espirituais e sociais para a vida. Inspirado no ensinamento bíblico, eles partem da fundamentação que “amar também se aprende e, principalmente, se pratica”.
Um desses projetos é o “Mãos Solidárias”. Prestes a completar uma década, o projeto conduzido pela Pastoral Escolar envolveu, só no primeiro semestre letivo deste ano, cerca de 260 estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, que participaram de visitas a instituições sociais da Grande Florianópolis e realizaram gestos concretos, como doações de alimentos, partilhas e atividades com os acolhidos. Outros dois projetos que envolvem os estudantes são o Grupo de Voluntariado (com estudantes só do Ensino Médio) e outras Campanhas e Ações Solidárias realizadas em datas especiais, como a Páscoa, Corpus Christi, Semana da Criança e Natal.
Eva dos Santos, fundadora e diretora da Creche Monte Moriat, em São José, acompanha a participação do colégio no local. Segundo ela, os estudantes realizam visitas cerca de quatro vezes ao ano. Uma das principais dificuldades enfrentadas pela creche é com produtos de higiene, que costuma ser o foco das arrecadações promovidas pelos alunos. Além disso, também arrecadam alimentos e dedicam parte do dia para cuidar e brincar com as crianças atendidas, com idades entre 0 a 6 anos. “Sentimos que eles saem daqui realizados”.
A diretora conta, com carinho, sobre um ex-aluno do Ensino Médio que participava do projeto e segue até hoje, mesmo já formado e casado, fazendo doações para a creche por iniciativa própria. “Penso que mais colégios deveriam ter esse tipo de projeto”, diz.
“AMAR COM GESTOS”
Criado em 2016, o “Mãos Solidárias” é reconhecido pelo colégio como um elo entre a formação acadêmica e a construção da cidadania. O diretor Izaltino Gamba destaca o impacto formativo e humano que as ações têm não apenas sobre as instituições, mas também na vida dos próprios estudantes. “Eles desenvolvem empatia, consciência social, senso de responsabilidade e protagonismo frente a uma realidade diferente. É amar com gestos que ficarão eternizados na vida dessas crianças”.
Ao longo do ano, cada turma é convidada a participar diretamente de ao menos uma ação solidária. As atividades são preparadas em parceria com as instituições atendidas, que apontam suas necessidades materiais e as formas como os alunos podem colaborar. A partir dessas informações, a escola organiza as visitas, articula a logística e estimula os estudantes a se mobilizarem.
As entidades variam a cada edição, mas já foram abraçadas, além da Creche Monte Moriat, o Recanto Silvestre (Biguaçu), o Lar Santa Maria dos Anjos (Palhoça), a Comunidade Bethânia (São João Batista), a Orionópolis Catarinense, a Casa São José e o Centro Educacional Dom Orione (Florianópolis). Em muitas delas, os estudantes convivem com os atendidos em momentos de escuta e trocas.
CALENDÁRIO DE AGOSTO
O segundo semestre letivo começou nesta segunda-feira (4) no Colégio de Fátima, mas o calendário de agosto do “Mãos Solidárias” já está definido. A solidariedade começa por Biguaçu, no Lar do Seu Doca, na próxima terça-feira (12), onde será feito um bingo com os idosos. Depois, passará pelo Recanto Silvestre (18), um momento mais formativo e interação com os moradores com café. No dia 19, os alunos irão auxiliar colocando a mão na massa na Cozinha Comunitária da Capela Senhor Bom Jesus dos Passos, em São José. E, por fim, o projeto visita o Orionópolis (28) para realizar pintura em tela com os moradores.
Silnara Sá, supervisora administrativa da Orionópolis Catarinense, acompanha há anos as visitas promovidas na instituição. Para ela, o contato entre os estudantes e os moradores vai muito além da entrega de doações: “Ele atiça a curiosidade dos jovens e abre espaço para que tirem dúvidas sobre a convivência com pessoas com deficiência, algo ainda distante da realidade da maioria”.
Na avaliação de Silnara, a visita provoca uma transformação nos alunos: “São jovens com poder aquisitivo melhor, e eles enxergam uma realidade diferente”. Ela observa que os moradores ficam sinceramente felizes com a presença dos estudantes e, muitas vezes, lamentam a hora da despedida. Ela ressalta que não são raros os casos de alunos que retornam em visitas com a família após a primeira experiência no colégio. “Todo colégio tinha que ter esse espaço”, defende, quase que reiterando a opinião de Eva.
“Até o final do ano letivo, 600 estudantes do Fundamental 2 e do Ensino Médio passarão por esta experiência educativa e humanizadora”, conclui o diretor Izaltino Gamba.