Levando a empolgação, o carisma e o tempero de Florianópolis, a manezinha Maise Ferreira de Jesus, de 41 anos, cozinheira da Escola Básica Municipal José do Valle Pereira, foi escolhida para representar a cidade na nova temporada do programa Vida de Merendeira, promovido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ela viajará nesta terça (14) acompanhada da nutricionista da Secretaria Municipal de Educação da Capital, Lidiamara Dornelles, para dar início às gravações em São Paulo.
Em sua 4ª temporada, o Vida de Merendeira valoriza o trabalho de merendeiras e merendeiros da rede pública, mostrando habilidades culinárias, histórias de vida e a importância da alimentação escolar saudável no Brasil e em outros países.
O prato principal de Maise será arroz de ostra com filé de tainha. Ela revela que não faltará o pirão com caldo e farinha de mandioca, bem característico de Floripa. Mesmo diante da responsabilidade de representar a cidade em rede nacional, a cozinheira mantém a humildade e o afeto como guias e diz que é fundamental estar bem, pois levará consigo não só a Ilha, mas as 580 cozinheiras da rede municipal de ensino.
Para a nutricionista da rede, Lidiamara Dornelles, a escolha de Maise não foi só pelo talento culinário, mas pela forte conexão com Florianópolis. “Não existe ninguém mais manezinha que ela. Torcedora do Avaí, maricultora, trabalha conosco há muito tempo, e a família toda está presente na rede. Tudo isso foi essencial para escolher ela”, concluiu.
Sobre a experiência de viajar, ela confessa um misto de ansiedade e encantamento. “Nunca saí de Floripa, muito menos andei de avião. A produção me perguntou o que eu gostaria de conhecer em São Paulo, eu não conheço nada.” A cozinheira ainda comentou que nunca ficou tão longe do marido, Sandro Arlindo Ventura (44), com quem é casada há 23 anos.
MUITO ALÉM DAS REFEIÇÕES
Contratada pela empresa SEPAT, com mais de dez anos de atuação na escola que também estudou, Maise carrega uma trajetória profundamente ligada à comunidade. Filha e neta de maricultores, cresceu no bairro João Paulo, onde aprendeu, desde cedo, a importância da pesca e dos frutos do mar. “Nasci, cresci e criei meus filhos aqui. A gente tem o costume de cozinhar muita tainha, muita ostra. Isso faz parte da nossa vida e do nosso jeito de alimentar quem a gente ama”, disse.
A cozinha escolar, para Maise, vai muito além do preparo das refeições: é um gesto de cuidado. “Fazer comida para as crianças é sagrado. Elas estão crescendo, algumas chegam com a barriguinha vazia. Então, eu cozinho como se fosse para os meus filhos. Quando escuto um ‘tia, tá muito bom’, aquilo já paga o dia”.
De acordo com Maise, a EBM José do Valle Pereira é muito mais do que seu local de trabalho, “é um espaço de família”. Seu filho, Arthur Sandro Ventura (10), é estudante do 5° ano, enquanto sua mãe e avó fazem parte da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na mesma escola.
