A Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis ampliou o projeto “Neim do Futuro”. Desde o início do ano, além do Núcleo de Educação Infantil Municipal do Futuro Doralice Maria Dias, na Vargem Grande, também estão nesta categoria os Neims José Rodrigues Willamil (Tapera), Orlandina Cordeiro (Saco Grande), Professora Otília Cruz (Coloninha), Morro do Horácio (Centro) e Sérgio Grando (Centro).
Conforme o secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira, a novidade dessa proposta pedagógica é a inclusão das aulas de inglês, Libras, tecnologia e diferentes artes, como música, dança e teatro. “Por isso, os Neims do Futuro receberam outros professores, de diferentes áreas que estão atuando para proporcionar a ampliação do repertório vivencial e cultural das crianças de 4 meses a 5 anos”.
Para o prefeito Topázio Neto, o Poder Público tem de investir cada vez mais em projetos inovadores que mobilizem uma educação do século 21. “Esse é o nosso papel, dar condições para que nossas crianças, em diversas regiões do município, possam ter mais qualidade e opções em seu espaço educativo”.
Os Neims, porém, mantêm os princípios previstos no currículo da rede municipal de ensino, que possuem a brincadeira como eixo estruturador do trabalho, assim como a organização pedagógica: linguagens, relações sociais e culturais e relações com a natureza.
Respeito pela diversidade
Após quase três meses de implantação do projeto, os pais já conseguem perceber a diferença na vida de seus filhos.
Na unidade do Morro do Horácio, Cléber Martins Aguiar pôde ver seu filho hiperativo de 5 anos se desenvolver e evoluir através da proposta educativa pedagógica da rede.
“Meu filho tem dificuldades na fala, então a equipe diretiva convidou minha esposa para participar de algumas interações com Libras para nos ajudar na comunicação, já que não temos condições de levá-lo ao fonoaudiólogo no momento, e isso tem nos ajudado muito.”, acrescenta Cléber.
Cláudia e Bruno Belz são pais dos gêmeos Laura e Henrique , matriculados no Neim do Futuro Sérgio Grando. Para Bruno, é importante, por exemplo, que a criança desde cedo entenda que a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) é inclusiva. “Essa língua enriquecerá meus filhos e prepará-los para serem melhores cidadãos”.
O professor de Libras da unidade, Silvio Tavares Ferreira, frisa que aprender Libras permite que todos compreendam melhor a cultura e a comunidade surda, além de promover o respeito pela diversidade.
O professor assinala que a Língua auxilia no desenvolvimento da percepção e a atenção visual, uma vez que requer a habilidade de identificar e interpretar sinais visuais em um contexto rápido e dinâmico. “A prática ajuda a melhorar essas habilidades sensoriais e um maior entendimento e consciência do mundo visual ao nosso redor”.
Para Cláudia, mãe de Laura e Henrique, é notável que toda a equipe do Neim Sérgio Grando está unida no propósito de fazer as coisas acontecerem. “Com toda a certeza veremos os resultados no futuro, fazendo jus ao novo nome da creche.”, complementa.
Gerando capital cultural
Para Higor Alencar de Carvalho, professor de artes cênicas, no Morro do Horácio, o Neim do Futuro é uma iniciativa que desconstrói uma ideia deturpada de que a educação infantil é menos importante e consiste apenas no acolhimento. “Essa faixa etária conta com um olhar específico do cuidar e educar, mas agora com as áreas específicas, é possível desenvolver uma nova docência compartilhada”.
Segundo professor, o ensino do teatro, por exemplo, é só uma das linguagens capazes de ampliar em muito o repertório das crianças bem pequenas, sua oralidade e expressão corpóreo-vocal. “Não se trata de ocupar seu tempo com atividades apenas, mas desenvolver propostas interdisciplinares, gerar capital cultural desde a tenra infância e entender essa fase da vida como imprescindível na formação ética, estética e sociocultural”.
O professor relata que trata-se de um passo decisivo e pioneiro do município que, se levado a sério, influenciará a educação nacional.
Cidadãos conscientes
Para a diretora do Neim Sérgio Grando, Ana Lucia de Souza, esses novos processos irão transformar a vida dos pequenos. “Nós não vamos ter crianças futuristas, esse não é o sentido nem o objetivo, mas sim disponibilizar os conhecimentos necessários para que elas possam se tornar cidadãos conscientes das amplas diversidades que existem na sociedade”, completa a diretora.
Morgana Maria da Silva, diretora do Neim Morro do Horácio, relata que desde que os profissionais de sua unidade receberam a notícia sobre a mudança da proposta educativa, eles se reuniram e se comprometeram em criar algo novo, uma educação, de fato, do futuro.
Até o momento, o Neim Sérgio Grando atende 115 crianças, enquanto o Morro do Horácio possui 136 matriculados na unidade.