O diabetes segue em expansão no Brasil e já atinge cerca de 20 milhões de pessoas, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Isso representa aproximadamente 10% da população, colocando o país entre aqueles com maior número absoluto de casos no mundo. O alerta reforça a importância do Dia Mundial do Diabetes, lembrado em 14 de novembro, para conscientizar sobre diagnóstico precoce e prevenção de complicações, inclusive as que atingem os olhos.
De acordo com o IDF Diabetes Atlas, o Brasil ocupa o 6º lugar no ranking mundial de países com mais pessoas com a doença. A prevalência crescente tem impacto direto sobre a saúde ocular: o diabetes descompensado causa a retinopatia diabética, condição que pode levar à cegueira se não tratada. “A glicose em excesso danifica progressivamente os vasos sanguíneos da retina. É uma doença silenciosa, que muitas vezes só dá sinais quando já está avançada”, explica a oftalmologista Dra. Cláudia Nascimento, diretora clínica do Hospital de Olhos de Florianópolis (HOF).
Retinopatia pode evoluir sem sintomas
A especialista destaca que a retinopatia diabética ocorre tanto em pacientes com diabetes tipo 1 quanto tipo 2. “O excesso de açúcar no sangue causa microlesões nos vasos da retina. Sem tratamento, isso pode evoluir para oclusões vasculares, formação de novos vasos, que são frágeis e se rompem facilmente, causando hemorragias e até descolamento de retina”, detalha.
Apesar da gravidade, quando diagnosticada no início a doença tem taxas de controle e preservação da visão significativamente maiores. O problema é que muitos brasileiros ainda deixam de fazer o acompanhamento adequado.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), 11% dos brasileiros nunca passaram por consulta oftalmológica — número que salta para 15,7% na região Sul. “Muitas vezes o paciente ainda enxerga bem e acredita que está tudo certo, quando na verdade a doença já está instalada. A visão boa pode ser temporária. Por isso, o acompanhamento com o oftalmologista é indispensável para pessoas com diabetes”, reforça Dra. Cláudia.
A prevenção começa pelo controle e pelo exame. O cuidado com a visão passa por três pilares:
– controle glicêmico rigoroso;
– acompanhamento médico regular;
– exame de fundo de olho pelo menos uma vez ao ano, mesmo sem sintomas. Se a pessoa já é portadora de retinopatia diabética, o intervalo de acompanhamento vai ser definido pelo oftalmologista.
“Quando a retinopatia diabética é identificada precocemente, dispomos de tratamentos eficazes — como laser, medicamentos intraoculares e cirurgias — que ajudam a melhorar ou preservar a visão. O maior risco está no diagnóstico tardio”, conclui a oftalmologista.








