No próximo dia 3, às 13 horas, o Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação abre “Céu e Terra dos Andes”, em Florianópolis, uma mostra inédita que tem a curadoria de Andrés De Leo e Diana Castillo, ambos do Centro de Pesquisa do Patrimônio da Universidade de Engenharia e Tecnologia (Utec), do Peru.
Os renomados especialistas convidados selecionaram cerca de 40 obras do núcleo de arte andina da Coleção Collaço Paulo, compostas por pinturas, objetos, artefatos, registros audiovisuais e materiais de ateliê. A exposição propõe descobrir a riqueza espiritual, técnica e simbólica da arte da América Latina. A colaboração entre o Instituto Collaço Paulo e a Utec fortalece o intercâmbio acadêmico e cultural entre o Peru e o Brasil.
Com o interesse do público visitante pelo acesso a obras de arte do vice-reinado, “Céu e Terra dos Andes” se insere no objetivo do Instituto Collaço Paulo de promover o diálogo entre arte e educação na América Latina, e no compromisso da Utec em difundir o conhecimento do patrimônio cultural peruano em âmbito internacional. O recorte da coleção coloca em evidência o período virreinal. Em 1543, a Espanha estabeleceu o Vice-Reino do Peru para administrar o Peru e controlar as terras sul-americanas como o Panamá, Colômbia, Equador, Paraguai, Argentina, Uruguai, parte da Bolívia e, em alguns períodos, a Venezuela.
Pela primeira vez no Brasil, os professores doutores Andrés e Diana integram o programa Instituto Conversa, no dia 3 de dezembro, às 15h30; no dia 4, às 15h30, fazem uma visita com o público, pela exposição, para ajudar a ampliar o entendimento da produção apresentada. Ações educativas e programas públicos com entrevistas e debates serão desenvolvidos ao longo da exposição que se estende até 11 de julho de 2026. Todo o acesso, inclusive aos programas educativos, é gratuito. Em três anos de existência, o instituto recebeu cerca de 13 mil visitantes, dos quais mais de 6 mil crianças e jovens.
Novas cores e significados
A mostra, segundo Andrés De Leo e Diana Castillo, entrelaça pinturas e representações de esculturas veneradas em santuários, nas hostes celestes, santos e anjos “reinterpretados no imaginário andino”. Cada trabalho, antecipam os curadores, integra uma urdidura europeia que nos Andes ganha novas agências, cores e significados. A pintura andina é apresentada para além da transposição de modelos europeus, afirmando a produção pictórica em sua força de reinterpretação, algo novo para a história, um percurso de arte entre a devoção terrena e a visão celestial.
Em cinco núcleos, a mostra desenvolve e aprofunda os caminhos da feitura da arte virreinal, destacando as pinturas de imagens de devoção, com composição de velas, flores e cortinas, a tradição dos anjos arcabuzeiros, guerreiros do céu representados com trajes cortesãos, as representações da batalha espiritual entre o bem e o mal, em cenas de doutrinação, e por fim, o ciclo mariano, da anunciação à coroação da “Rainha do Céu”.
O título “Céu e Terra dos Andes” sintetiza o conceito da mostra que, de um lado aponta para céu como o espaço celestial, local simbólico da fé cristã — o domínio angelical, das virtudes, dos ciclos marianos e da promessa de salvação — e de outro, convoca a terra como origem material, cultural e sensorial dessa produção – o povo produtor, da feitura por meio de pigmentos minerais e vegetais, as práticas locais e a reinterpretação indígena das formas europeias.
Única representação brasileira
A conexão entre tempos e realidades distintas, o passado e o contemporâneo, aparece na mais recente obra incorporada à Coleção Collaço Paulo. Recém chegada, sem o abandono do que está posto na proposta expositiva de arte andina, abre-se espaço em favor de uma representação brasileira do século 21 com “A Supressão do Santo pelo Ornamento” (2025), óleo e acrílica sobre compensado naval (203,5 × 147 cm), de André Griffo. Fluminense, formado em arquitetura e urbanismo, dedica-se às artes visuais desde 2009 com uma produção de esculturas, instalações e pinturas com as quais discute questões de dominação, controle e o poder da religião.
Com referências históricas e contemporâneas, o artista aborda as estruturas de violências, potencializa os detalhes, o pormenor. Sua vigorosa pintura pede atenção ao específico pois faz diferença na apreciação e reflexões suscitadas pela obra. No olhar atento, percebe-se o embaralhamento entre o documental e o ficcional que se contrapõe à hegemonia da história do Brasil, expondo ruínas e os impactos da economia escravocrata na formação brasileira, o perverso nas instituições religiosas, as imposições na criação simbólica de imaginários.
A exposição tem o apoio cultural do Utec, Sesi, Ibagy, Corporate Park e Paradigma Cine Arte.
Sobre Diana Castillo
Arquiteta especializada em conservação e gestão do patrimônio cultural. Doutora em história da arte pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). Atualmente atua como pesquisadora no Centro de Pesquisa e Conservação do Patrimônio e como professora na Universidade de Engenharia e Tecnologia do Peru (Utec). É membro dos seminários internacionais Escultura Virreinal e Retablos Hispanoamericanos do Instituto de Investigações Estéticas da Unam. Atualmente atua como coordenadora do mestrado em gestão de coleções e conservação preventiva da Utec. Suas pesquisas recentes concentram-se no estudo técnico e material da arte virreinal peruana.
Sobre Andrés De Leo
Arquiteto formado pela UABJO, México. Mestre em história da arte pela Unam, com menção honrosa, prêmio ao mérito acadêmico e melhor tese em história da arte. Doutor em história da arte pela mesma instituição, onde também obteve menção honrosa. Colaborou durante 17 anos no projeto Catálogo de Bens Artísticos com Valor Patrimonial Contidos em Recintos Religiosos do Instituto de Investigações Estéticas da Unam. Membro ativo do seminário internacional de pesquisa La Plata en España y México – Siglos 16 al 19 do Inah e membro do seminário internacional de pesquisa sobre Retablos Hispanoamericanos da Unam. Foi responsável pela curadoria do Museu do Templo de San Pedro Apóstol em Andahuaylillas, Peru, assim como da exposição “Plus Ultra. Lo Común y lo Propio d la Platería Novohispana” na Casa de México na Espanha, em Madri. Coordenou as exposições “In_visible” “El Arte Visto por la Ciencia, “María Materialidad Divina”, no Museu Pedro de Osma, Peru, e “Ecos del Virreinato de Peru”, em Madri, Espanha. Participou de fóruns nacionais e internacionais na Espanha, Portugal, Guatemala, Equador, Peru e Estados Unidos, com conferências sobre as suas principais linhas de pesquisa: humanidades digitais, prataria, retábulos, pintura e arquitetura dos vice-reinados novo espanico e peruano.
Sinopse
A curadoria de Andrés De Leo e Diana Castillo, ambos do Centro de Pesquisa do Patrimônio da Universidade de Engenharia e Tecnologia (Utec), do Peru, apresenta 40 pinturas do núcleo de arte andina da Coleção Collaço Paulo, além de objetos devocionais, artefatos, registros audiovisuais de festividades andinas e materiais de ateliê. Em cinco salas, o público se depara com símbolos de memória e resistência no século 18, o divino e o humano, a luta entre o bem e o mal, as devoções e as flores, cores da terra, plantas e minerais, a pintura à luz de uma nova forma de produção artística na América Latina. A única representação brasileira se dá com a obra de André Griffo que ajuda a atravessar o tempo e conectar o século 21, com a obra “A Supressão do Santo pelo Ornamento”, criada em 2025.
Equipe Técnica
Acervo: Coleção Collaço Paulo
Curadoria, expografia e textos: Andrés De Leo e Diana Castillo
Produção e tradução de textos: Francine Goudel
Assessoria de imprensa, revisão e edição de textos: Néri Pedroso
Material e proposições educativas: Joana Amarante e Marcello Carpes
Coordenação de acervo: Cristina Maria Dalla Nora
Conservação e restauração do acervo: Sára Fermiano
Montagem: Flávio Xanxa Brunetto
Apoio de montagem: Adriano Lessa, Joana Amarante e Marcello Carpes
Material gráfico e identidade visual: Lorena Galeri
Gestão de mídias sociais: Natália Régis
Fotografia da coleção: Eduardo Marques
Serviço
O quê: exposição “Céu e Terra dos Andes”, curadoria de Andrés De Leo e Diana Castillo
Quando: 3.12.2025 a 11.7.2026, seg. a sáb., 13h às 18h30
Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: (48) 3025-4058
Quanto: gratuito
Serviço
O quê: Instituto Conversa com Andrés De Leo e Diana Castillo, curadores
Quando: 3.12.2025, 15h30
Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: (48) 3025-4058
Quanto: gratuito, com 40 vagas – de acordo com a chegada dos interessados
Serviço
O quê: Visita com Andrés De Leo e Diana Castillo
Quando: 4.12.2025, 15h30
Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis (SC), tel.: (48) 3025-4058
Quanto: gratuito, com 30 vagas mediante inscrição no formulário: https://forms.gle/biJ1iiPw54JqUECK7
Realização
Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação
Apoio
Centro de Pesquisa do Patrimônio da Universidade de Engenharia e Tecnologia, Sesi, Ibagy, Corporate Park e Paradigma Cine Arte









