Ao que parece, enfim, a polarização política – como diria Bruno Henrique, o craque do Flamengo – subiu a outro patamar em Santa Catarina. Deixou de ser infantil e amadureceu. Saiu do antigo Mobral fraco e entrou numa Educação de Jovens e Adultos 2.0. As narrativas ideológicas ficaram de lado e direita e esquerda digladiam no ringue das redes sociais por obras e entregas. E isso, bem, isso é tudo que importa ao catarinense.
A comunicação do governador Jorginho Mello (PL) e do Governo do Estado virou a chave neste início de ano e passou a focar nas entregas do atual governo. Começou também a marcar território e apostar numa narrativa (repito, não ideológica), mas de provocação ao Governo Federal. Como ideologicamente Jorginho e Lula não sentam à mesma Mesa, esse debate acontece em campo aberto nas redes sociais.
Jorginho apostou no confronto quando disse que iniciaria a Via Mar (rodovia que SC projeta ligando Joinville a Florianópolis) antes que o governo federal e a Arteris dessem uma solução para o travamento da BR-101 no Norte de SC. Foi além e disse que quer estadualizar a BR-282 para, enfim, dar à rodovia o tratamento que a principal artéria do Estado, que corta SC de Leste a Oeste, não está tendo. A fala de Jorginho se justifica. Desde que o atual Governo Federal assumiu fala em projetos para a 282 e até agora absolutamente nada de prático. Só obras reparadoras.
A provocação surtiu efeitos e nesta quinta-feira (10) através das redes sociais o ministro dos Transportes, Renan Filho respondeu (veja o vídeo ao final deste artigo). Sobrou até para o secretário de Infraestrutura de SC, Jerry Comper, que, inclusive é do mesmo partido do Ministro, o MDB. Renan cobrou que Jorginho e o secretário nunca mostram os investimentos que fazem em SC e só mostram projetos.
O ministro apresentou obras que o Governo Federal já entregou no atual mandato no setor de Infra em SC. Foi além e comparou os investimentos em solo catarinense no governo do ex-presidente Bolsonaro, aliado de Jorginho. No gráfico apresentado fica claro que Bolsonaro investiu na área de transportes Catarinense em 2022, R$ 307 milhões. No primeiro ano de Lula foram investidos R$ 927 milhões e em 2024 foram investidos R$ 905 milhões. Ou seja, em cada um dos anos do governo do PT foi investido o triplo do que num ano do mandato de Bolsonaro.
A resposta do governador não tardou mais que 24 horas. Já nestas primeiras horas de sexta (11) ele publicou em suas redes sociais um vídeo e fez um resumo rápido das entregas na Infraestrutura (veja o vídeo ao final deste artigo). Ele explanou que já são mais de 50 obras em andamento no Programa Estrada Boa, inclusive muitas delas em concreto com mais de 20 centímetros.
O governador citou inclusive ligações que fez em trechos urbanos federais que o seu governo vez, como por exemplo, no encontro das BR-158 e BR-282, no Oeste Catarinense, bem como na BR-101, onde o Estado entregou as alças do Contorno em Itajaí. Jorginho ainda disse que vai entregar para o ministro um Mapa com todas as obras de SC. (Veja os vídeos do ministro e do governador ao final deste artigo)
Morro dos Cavalos
Ao finalizar o vídeo desta sexta (11) Jorginho Mello disse, inclusive, que vai procurar o Ministro Renan Filho para discutir uma proposta para o Morro dos Cavalos. Coincidentemente, o local foi palco da mais recente tragédia no trânsito de SC, em uma rodovia federal, e o ministro não citou nada sobre o assunto. Lembrando que no ano passado o ministro esteve em Palhoça, onde inaugurou o ponto de descanso para caminhoneiros, e falou que por conta da repactuação do contrato com a concessionária seria avaliada a viabilidade do Túnel. Até a presente data ele não deu retorno algum.
Independente da proposta que Jorginho vai fazer ao ministro para resolver o Morro dos Cavalos, a causa ganhou importância ainda maior para o catarinense. Reflexo disso é o movimento puxado pela Assembleia Legislativa nesta semana com o objetivo de marcar uma audiência com o presidente Lula e com o ministro Renan para tratar do assunto. “Estou falando desde minha posse minha posse como presidente [da Assembleia]. O grande problema de Santa Catarina vai ser a infraestrutura. O escoamento da produção será prejudicado, a vida das pessoas será prejudicada se não tivermos providências”, afirmou o presidente da Alesc, deputado Julio Garcia (PSD), que é membro da Bancada do Sul, que encabeça a mobilização.
A polarização, enfim, com foco no cidadão
A polarização ideológica que manda, atrasa e paralisa o Brasil nos últimos anos só interessa a dois personagens da política: o político alinhado a um dos lados (direita ou esquerda) e a torcida, o fã de político, o fanático. Aquele eleitor ou cidadão que está desconexo desse mundo, trabalhando para pagar suas contas, pouco ganha com esse debate de narrativas, que terminam nelas mesmas, sem trazer algum crescimento para a Nação.
Por isso importante pontuar esse amadurecimento do debate político aqui em Santa Catarina. Dizem que a política mudou. Que obras e entregas não importam mais. Que obra não dá voto. Que o eleitor só quer saber das tretas ideológicas. Mas, no fundo, quem diz isso está envolvido com o mercado político e quer que esse manicômio continue.
Aquela faixa de no mínimo 30% do eleitorado que não se apaixona por A ou B quer sim saber de obras, de entregas e do que o político está fazendo para melhorar sua vida. E, só lembrando aos jogadores do mercado político de plantão, esses 30% são quem, de fato, decidem uma eleição.
VEJA OS VÍDEOS:
Ministro dos Transportes, Renan Filho:
Governador Jorginho Mello (PL):
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