Perto da chegada do verão, cresce a preocupação com os cuidados de prevenção contra o câncer de pele. Tanto que o Dezembro Laranja, campanha anual promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), marca o início da estação e reforça a importância da prevenção. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse é o tipo mais frequente de câncer no Brasil, responsável por cerca de 33% dos diagnósticos, com aproximadamente 185 mil novos casos anuais.
Em Santa Catarina, que tem a maior taxa de incidência de câncer no Brasil, incluindo o de pele, segundo estimativas do INCA, no triênio 2023–2025, o estado deve registrar 14.510 novos casos de câncer de pele não melanoma e 1.040 casos de melanoma. O risco estimado para melanoma em SC é de 12,99 casos por 100 mil habitantes, quase três vezes maior que a média nacional (4,13/100 mil). Já conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC), em 2024 o câncer de pele causou 302 mortes no estado, sendo 145 por melanoma e 157 por não melanoma.
A dermatologista Ana Maria Benvegnú reforça a importância das campanhas de conscientização e prevenção, e destaca que a exposição solar intensa e cumulativa é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. “Sem dúvida o principal fator de risco para o câncer da pele é a exposição à radiação ultravioleta do sol intensa e de forma cumulativa”, explica. Além disso, pessoas com pele mais clara, histórico de queimaduras solares, antecedentes familiares, uso de câmeras de bronzeamento artificial e imunossupressão também estão mais vulneráveis.
Protetor solar sempre
O uso diário do protetor solar continua sendo a principal forma de prevenção contra o câncer de pele. A dermatologista explica que, mesmo em dias nublados, até 80% da radiação ultravioleta consegue atravessar nuvens e vidros, tornando indispensável a fotoproteção em todas as situações.
No verão, esse cuidado deve ser intensificado, com reaplicação a cada duas horas, especialmente após entrar na água, transpirar ou se secar com toalhas. “Durante o verão, o ideal é usar uma quantidade maior de protetor e associar chapéus, roupas com proteção ultravioleta e óculos escuros”, orienta Benvegnú.
Para aproveitar o verão com segurança, a especialista recomenda evitar exposição solar entre 10h e 16h, usar protetor solar diariamente com FPS 50 ou mais e proteção UVA de amplo espectro, reaplicar ao longo do dia, utilizar barreiras físicas como chapéus e roupas com proteção UV, além de manter a pele hidratada e o corpo bem abastecido de água. Dessa forma, é possível desfrutar da estação mais quente do ano sem abrir mão da saúde e da prevenção.
Sinais de alerta e diagnóstico precoce
O método ABCDE continua sendo indicado para avaliar pintas e manchas suspeitas, observando assimetria, bordas irregulares, cores variadas, diâmetro maior que 6mm e evolução da lesão. Entre os sinais mais comuns estão pintas que mudam de formato ou cor, feridas que não cicatrizam, lesões rosadas com brilho perolado e manchas escuras em regiões como unhas, plantas dos pés e até olhos.
“Qualquer mudança na pinta, ferida que não cicatriza ou surgimento de lesão após os 30 anos deve ser avaliado por um dermatologista”, reforça a médica.
Ana Maria ressalta que os cânceres de pele se dividem em melanoma e não melanoma. O carcinoma basocelular é o tipo mais comum e menos agressivo, surgindo em áreas expostas ao sol. Já o carcinoma espinocelular pode evoluir localmente e apresentar risco de metástase.
“O melanoma, embora menos frequente, é o mais agressivo, com alto risco de metástase e o diagnóstico é feito por avaliação clínica com dermatoscópio e, se necessário, biópsia. Já o tratamento varia conforme o tipo, podendo incluir cirurgia, cauterização com nitrogênio líquido, quimioterapia tópica, radioterapia ou imunoterapia em casos avançados”, destaca a médica.
O acompanhamento dermatológico regular é fundamental para prevenção e detecção precoce de lesões suspeitas. Consultas periódicas permitem monitorar pintas, orientar sobre proteção solar e estabelecer uma rotina de cuidados personalizados. “O acompanhamento dermatológico vai muito além, é orientação, avaliação e cuidado individualizado”, conclui Ana Maria.








