O CONCARH, congresso promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional Santa Catarina (ABRH-SC), reuniu grandes executivas brasileiras em um painel sobre liderança feminina nas empresas. Elas destacaram que mudanças culturais nas organizações e o fortalecimento do autoconhecimento são essenciais para ampliar a presença de mulheres em cargos de decisão. O evento acontece entre quarta (9) e sexta-feira (11), no CentroSul, em Florianópolis, com mais de 4,5 mil participantes.
A presença feminina na alta liderança corporativa ainda é limitada. Segundo a pesquisa Panorama Mulheres 2025, realizada pelo Instituto Talenses Group em parceria com o Insper, apenas 17,4% das presidências são ocupadas por mulheres. Nas diretorias, o índice chega a 30%. O levantamento mostra uma tendência clara: quanto mais alto o cargo, menor a participação feminina — especialmente entre mulheres com deficiência, negras e fora da região Sudeste.
Participaram do painel Vanessa Olímpia, head de talentos da Rock World S.A. (empresa responsável por festivais como Rock in Rio e Lollapalooza); Daniela Sagaz, head de diversidade na Mondelēz International; Leyla Nascimento, CEO do Grupo Capacitare e presidente executiva da ABRH Brasil; e Regina Zimmermann, Diretora de Operações (COO) na Termotécnica.
As painelistas compartilharam parte de suas trajetórias profissionais e os desafios enfrentados por serem mulheres — e representativas nos recortes com deficiência, negra e 50+. Ainda que os contextos sejam diversos, muitas das barreiras são comuns. Por isso, foram convidadas a elencar caminhos para transformar essa realidade. Entre os principais pontos destacados, estão:
1. Acreditar que é possível
“Muitas mulheres não acreditam que podem alcançar um cargo de liderança. Por isso, esse é o primeiro passo”, defende Regina Zimmermann. Ela ressalta a importância de encontros como o CONCARH: “Ter exemplos concretos é a melhor forma de mostrar que é possível”.
2. Autoconhecimento
O autoconhecimento foi apontado como elemento central. Para Leyla Nascimento, ele começa por conhecer suas competências. “É assim que se entende no que é preciso melhorar, se é uma questão técnica ou emocional”, afirma. Além disso, diz ela, identificar seus pontos fortes ajuda a construir um diferencial competitivo.
Vanessa Olímpia concorda: “Compreender seu dom e suas habilidades ajuda a saber o que você quer e te dá autenticidade. Isso permite ser intencional e estratégica na carreira”.
3. Preparação
Leyla destaca que o autoconhecimento colabora em outra necessidade para alcançar cargos de liderança: a preparação. “Segurança técnica faz muita diferença”, afirma Leyla. “Temos que estar preparadas para ocupar os espaços e sabemos que há uma cobrança adicional sobre as mulheres”, complementa.
4. Mudanças nas empresas
É claro que o esforço individual é importante, mas superar as barreiras estruturais requer muito mais que isso: as empresas precisam definir programas de inclusão de fato. “Para isso, é necessário ter medidas de pluralidade da organização – quantas mulheres com deficiências, negras, 50+ fazem parte dessa corporação?”, indicou Vanessa.
No que se refere à liderança, defende Daniela Sagaz, “a grande responsabilidade das corporações é criar programas estratégicos para liderança para mulheres. Eles devem envolver atração, desenvolvimento, retenção e acolhimento”.