Na presença do líder maior, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o partido Novo realizou neste final de semana uma série de filiações de lideranças. O objetivo é fortalecer a sigla visando 2026. Uma, em especial, chamou a atenção nos bastidores pelo seu histórico de mudanças partidárias. Trata-se de Luciano Pereira, de Palhoça, que já foi filiado até no Partido Socialista Brasileiro (PSB), uma contradição ao perfil de lideranças que o Novo propõe-se formar e ter em suas fileiras.
Luciano foi candidato a prefeito em Palhoça em 2024 e fez 39,218 votos ou 39,45% da votação, ficando na segunda colocação. Ele teve o integral apoio do deputado estadual Sérgio Guimarães (União Brasil) que inclusive indicou a vice de chapa, sua mulher, Day Guimarães. Para 2026, o que se esperava na cidade era que Luciano retribuísse o apoio a Serginho, que vai buscar a reeleição à Alesc. Mas, nos bastidores ao que parece não será esse o caminho trilhado por Luciano, que já fala em também ser candidato a deputado estadual.
Esse perfil de pular de partido em partido é uma constante na carreira política de Luciano Pereira. Ele iniciou a carreira política no partido de esquerda (PSB), por volta de 2013, quando era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Palhoça, filiado à CUT (leia matéria da época aqui). De lá pra cá Pereira passou ainda pelo Avante, União Brasil, PSD e agora Novo.
“A política ama a traição e odeia o traidor”
Leonel Brizola
Luciano Pereira é a imagem perfeita da velha política e ingressa no Novo tentando vender uma imagem disfarçada de novidade. Um personagem que salta de partido em partido, de discurso em discurso, sempre tentando encontrar o atalho mais curto até o poder — custe o que custar.
De sindicalista militante, elegeu-se vereador pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Já na Câmara Municipal, votou junto com o então prefeito Camilo Martins para aprovar o aumento de cargos comissionados — contrariando qualquer princípio ideológico que dizia defender.
Quando deixou de ser beneficiado, abandonou o barco e migrou para o Avante, tentando a prefeitura de Palhoça. Foi derrotado nas urnas. Não demorou para colar no então deputado Sérgio Guimarães, tentando surfar na visibilidade alheia. Com apoio, presença constante nas redes e confiança total, Luciano tentou voo mais alto: foi para o União Brasil, buscando uma vaga na Câmara Federal. Outra derrota.
Ainda assim, Sérgio Guimarães não virou as costas. Confiou novamente. Deu espaço em seu gabinete, abriu portas, abrigou aliados de Luciano — inclusive seu próprio filho. O que Luciano devolveu? Uma nova tentativa de voo solo.
Dessa vez no PSD, jurou fidelidade, caminhou ao lado da esposa de Sérgio na eleição municipal de 2024… e quando os votos mais uma vez não vieram, bastou o silêncio das urnas para ele pular de sigla mais uma vez.
Agora, quer reinventar a própria imagem no Partido Novo, mirando a Assembleia Legislativa. Mas até dentro da sigla já se ouvem questionamentos: como confiar em alguém que já passou por tantos partidos e sempre rompeu com quem lhe estendeu a mão?
