A quarta edição do Encontro do Ecossistema de TI da Grande Florianópolis, na terça-feira (27), foi o evento de celebração dos dez anos do CIA Primavera, em uma noite marcada pela valorização do impacto do espaço na jornada de empreendedores, além de reflexões sobre o passado, o presente e o futuro do setor de tecnologia em Santa Catarina e na cidade que é a Capital Nacional das Startups. O ex-presidente da ACATE, que inaugurou a “casa da tecnologia e inovação” em Florianópolis, foi homenageado na ocasião – seu nome foi eternizado em uma denominação simbólica do CIA que completa uma década, o Centro de Inovação ACATE Guilherme Stark Bernard.
A gestão de Bernard, entre os anos 2012 e 2016, abriu as portas do CIA Primavera no dia 16 de março de 2015. Posicionado na Rota da Inovação da cidade, o espaço nasceu como um ambiente físico de referência para o ecossistema catarinense, abrigando a nova sede da ACATE, a incubadora MIDITEC, mais de 30 empresas e um local propício para eventos que estimulassem o encontro entre empreendedores e entusiastas da tecnologia. Cerca de um ano após o lançamento do CIA, Guilherme Stark Bernard faleceu, deixando um grande legado para o setor estadual, sendo também o diretor-fundador da Vertical Energia – grupo que o homenageou na abertura do 13º Energy Show neste ano.
Em um momento de reconhecimento, o atual presidente da ACATE, Diego Ramos, fez a entrega de um quadro com a denominação do Centro de Inovação ACATE Guilherme Stark Bernard para dois filhos do ex-presidente durante o IV Encontro do Ecossistema de TI. O diretor executivo da ACATE, Gabriel Sant’Ana, e o presidente do Conselho Deliberativo da Associação, Iomani Engelmann, também lembraram emocionados da influência de Bernard. “A visão dele era de que o CIA Primavera tinha o propósito de tangibilizar o que era a tecnologia para a cidade. Infelizmente, ele nos deixou muito rápido, mas sentíamos que ele queria deixar um legado grandioso”, relatou Engelmann.
Além de relembrar a idealização do espaço, o evento ressaltou a importância do CIA Primavera na história de empreendedores. Diego Ramos e o diretor do Polo da ACATE na Grande Florianópolis, Santiago Edo, citaram suas experiências ao participarem pelas primeiras vezes de iniciativas da ACATE no Centro de Inovação, como as Verticais de Negócios, o MIDITEC e o programa LinkLab.
“Empresas que se conectam a espaços de inovação como o CIA Primavera prosperam mais”, destacou o presidente Diego Ramos. Santiago Edo acrescentou: “Somos reflexo direto do que conseguimos construir quando temos o apoio de um ecossistema como o nosso. É de muito valor estar no coração da inovação da cidade, pois o CIA Primavera consolidou um ponto de encontro, onde foi gerado um caldeirão de ideias e negócios inovadores. Aqui, uma simples conexão ou bate-papo vira parceria e tem potencial de transformar a nossa vida”, ressaltou.
Esta edição do Encontro do Ecossistema de TI da Grande Florianópolis foi realizada pelo Polo da ACATE na Grande Florianópolis em parceria com o Impact Hub Floripa e o Passeio Primavera. Foram apoiadores: a Hurbana, o SC Mais Inovação, programa do Governo do Estado, e a Rede de Inovação Florianópolis, iniciativa da Prefeitura de Florianópolis gerida pela ACATE.
O passado e o futuro do CIA Primavera e do ecossistema de inovação
Um dos painéis da programação do Encontro do Ecossistema de TI da Grande Florianópolis reuniu Edgard Usuy, secretário de Estado de Planejamento de Santa Catarina, Juliano Richter Pires, secretário de Turismo, Desenvolvimento Econômico e Inovação da capital catarinense, Gabriela Werner, sócia-fundadora do Impact Hub Floripa, e Marcelo Gomes, CEO da Hurbana, para um bate-papo mediado por Gabriel Sant’Ana, diretor executivo da ACATE.
As autoridades e lideranças debateram sobre o passado e o futuro do CIA Primavera e do ecossistema de inovação. Gabriel Sant’Ana e Marcelo Gomes iniciaram a conversa relembrando a transformação do local, que era a sede de quadras de tênis, em um Centro de Inovação. “A ACATE buscava um novo endereço e sonhávamos com um espaço aberto, horizontal, onde as pessoas pudessem se encontrar, além disso, que os associados pudessem ter orgulho de participar”, relatou Sant’Ana.
O CEO da Hurbana apontou que a mudança do espaço pela tecnologia foi inspirado nos escritórios de big techs do Vale do Silício, mas com o diferencial de unir oportunidades e conveniência, com a oferta de diversos serviços no entorno – aspecto que faltava nas sedes das grandes empresas americanas e gerava desafios para a contratação de profissionais naquele momento.
Além da ACATE, uma das primeiras operações do CIA foi o Impact Hub, rede global que acabava de chegar em Florianópolis. “Tínhamos o papel de ser um coworking, um espaço muito democrático com a visão de trazer empreendedores de vários estágios. Desde o início também nos propomos a ativar o ecossistema de impacto socioambiental e, nos primeiros dois anos, apoiamos 135 empreendedores com ideias de negócios socioambientais em parceria com o Sebrae. Outro papel nosso era a gestão de espaços de eventos e íamos atrás de promover ou buscar iniciativas para serem realizadas aqui”, conta Gabriela Werner.
Já o secretário Juliano Richter Pires destacou o surgimento da Rede de Inovação Florianópolis como um instrumento para potencializar os Centros existentes no município, que se tornou inspiração para outros ecossistemas. “Recebemos muitas visitas em Florianópolis e, quando trazemos no CIA Primavera, a primeira coisa que falam é que vão construir prédios semelhantes em suas cidades, mas é preciso dizer que não é só isso, existe um trabalho de base muito grande e que demanda tempo para conseguir transformar”.
O secretário do Governo de SC, Edgard Usuy, abordou a importância da conexão dos Centros de Inovação em todo o estado por meio da Rede Catarinense de CIs para o futuro. “A partir da rede de Centros de Inovação nós podemos vocacionar as regiões para que possam superar seus desafios”.
Outras oportunidades para o futuro do ecossistema apresentadas pelos painelistas foram a regeneração aliada à tecnologia de espaços já existentes, além da inovação a serviço da redução de desigualdades, inclusão e mitigação das mudanças climáticas.
Aprendizados que marcaram a trajetória de empreendedores
Outro painel do evento teve a participação de Iomani Engelmann, diretor de Marketing e Comercial da Pixeon e presidente do Conselho Deliberativo da ACATE, Paula Lunardelli, diretora-executiva e cofundadora da Prevision, Pedro Judacheski, fundador e CEO da Delivery Much, Santiago Edo, CEO da Harmo e diretor do Polo ACATE Grande Florianópolis, com a mediação de Alexandre Souza, gerente de Inovação do Sebrae/SC.
Os painelistas relataram suas experiências desde o primeiro dia como empreendedores, além de desafios que marcaram as suas trajetórias no âmbito da gestão dos negócios e cultura das empresas, de governança societária, de soluções e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Eles também compartilharam dicas sobre como aproveitar o ecossistema para o desenvolvimento de empresas. Iomani Engelmann ressaltou a colaboração entre empreendedores: “Estar conectado com o ecossistema faz todo sentido e possibilita aprender com os erros dos outros, o que é mais barato”. Outros conselhos foram: ter o cliente no centro das decisões e manter o alinhamento em princípios e valores que guiam as empresas.
