Em 2022 ninguém acreditava em Jorginho Mello. Foi sozinho para a disputa. Sozinho não, tinha em mãos o maior canhão eleitoral da história recente que é o Bolsonarismo, aninhado no seu PL. O resultado, todos sabem!
Passados três anos, o que mudou é que agora todo mundo quer estar com Jorginho. Sobram nomes, faltam até vagas na construção da chapa majoritária. O quadro hoje é ainda mais favorável ao agora governador. Além de ter a força da máquina estadual, uma legião de deputados federais e estaduais eleitos em 2022 somados a prefeitos, vices e vereadores eleitos em 2024 (que fez do PL o maior partido de Santa Catarina) ainda terá em 2026 até um Bolsonaro na chapa – Carlos Bolsonaro, o 02, pré-candidato ao Senado por SC.
Por esses motivos, e mais alguns que elenco a seguir que não é errado afirmar que o Bolsonarismo (PL) tem força para vencer a eleição (até se fosse o caso) sozinho de novo em 2026. Alguém, agindo por convicções políticas, pode desacreditar essa afirmação. Tem quem discorde e eu respeito a todos as opiniões. Mas, faltando um ano para a eleição esse é um fato irrefutável. Até as pesquisas eleitorais mostram que se a eleição fosse hoje Jorginho Mello estaria reeleito e os dois senadores seriam do PL (Carlos Bolsonaro e Carol de Toni).
A força é tamanha que o PSD, através do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, está há cerca de um ano tentando fazer um projeto e até agora não conseguiu ninguém pra dançar a sua música. Os partidos e demais lideranças até escutam a proposta. Mas, em seguida analisam o cenário e preferem esperar. Esperam um espacinho ao sol no projeto bolsonarista. As lições de 2022 ainda ecoam. Querem aparecer na provável foto da vitória.
É fato que não existe eleição ganha faltando um ano do pleito. Vitória só depois que se abrirem as urnas. Mas, há que se fazer o exercício da análise política. Somente um projeto com todos os partidos do centrão, desde PSD, Federação União, Republicanos mais o MDB e ainda contando com os votos (não com o partido) do PT, conseguiria fazer frente ao que o PL está preparando para 2026 em SC. Sabe quando isso vai acontecer?
Vigilância nas redes
E qual é o cerne dessa força tamanha do Bolsonarismo aqui em Santa Catarina sendo que o líder maior, o ex-presidente, está fora do jogo e em vias de ser preso? O que explica esse fanatismo político aqui ser até mais forte do que é no Estado que embrionou a família que é o Rio de Janeiro? Justamente o Rio, onde o prefeito Eduardo Paes (PSD), uma liderança hiper de centro, lidera a corrida para o Governo do Estado com mais da metade das intensões de voto.
A resposta para essas duas perguntas é muito simples: os políticos que não pertencem ao bolsonarismo têm medo do cancelamento nas redes sociais e medo da crítica em praça pública. Não se levantam por puro monitoramento nas redes e por medo de serem xingados no boteco de esquina.
Além de o bolsonarismo ter lideranças hiper combativas nas redes, como é o caso dos deputados federais Júlia Zanatta, Zé Trovão, Carol de Toni ou os estaduais Jessé Lopes, Ana Campagnolo e outros, a militância de extrema direita também vigia cada passo dado pelos políticos estaduais nas redes sociais. E é força política: o PL tem quase a metade da bancada federal e 1/4 da Alesc.
Deputados subservientes
Quer prova de que isso dá certo é só ver o alinhamento da bancada catarinense no Congresso Nacional. Os deputados de SC, tirando os dois do PT, votam alinhados com as pautas bolsonaristas. Falo isso dos parlamentares do Centro e MDB, cujos partidos que inclusive fazem parte do governo Lula. Até pautas caras para a opinião pública como a PEC da Blindagem tem votação fechada. Tem muito deputado que é contra o enfraquecimento da lei da Ficha Suja, mas votou favorável à PEC.
Essa subserviência ao bolsonarismo fica claro quando deputados deixam Brasília para se desvincular do governo do PT, como ocorreu com Ricardo Guidi (PSD), que o fez para tentar se viabilizar na disputa pela prefeitura de Criciúma. Além de deixar Brasília e ingressar no governo Jorginho ele ainda trocou o PSD pelo PL. De nada adiantou, perdeu a eleição, mas o movimento foi muito claro.
Movimento igual faz o presidente daquele que já foi o maior partido de SC, o MDB. O deputado federal, Carlos Chiodini, opta em deixar Brasília pela proximidade ao governo do PT, para se acomodar no governo do PL em Santa Catarina. Mas, ao fugir do PT como o diabo foge da cruz, Chiodini se tornou funcionário de Jorginho. Que peso espera ter ele para sentar à mesa negociar com o chefe em 2026? E para pleitear a vice então?
Esse enfraquecimento do pensamento contraditório também tomou a Alesc. O governo do PL tem nenhuma oposição. Aprova o que quer e quando quer. Mas, o que mais impressiona é o posicionamento dos deputados do PT. A bancada petista na Alesc é uma mãe para o governo. Não critica, não fiscaliza. Aceita que a esmagadora maioria do eleitorado catarinense não quer saber do PT. O posicionamento é pragmático no sentido de manter o seu eleitorado e pavimentar a apenas a reeleição.
Partidos tomados por dentro
Esse domínio bolsonarista não aprisiona apenas os políticos de outras siglas. Ele comanda as próprias siglas. Quem está envolvido com a política partidária sabe que boa parte da militância de partidos como MDB, União Progressista, PSD e outros tem paixão por Bolsonaro.
São lideranças que preferem estar com Jorginho aqui no Estado e monitoram os parlamentares dos seus partidos para permanecerem perfilados às pautas do bolsonarismo. Ou seja, por mais que o comando partidário de um desses partidos o conduza para um projeto alternativo, não levará 100% da sigla. Em alguns casos, não leva 50%.
De eras em eras
Santa Catarina teve algumas eras de projetos preponderantes na sua história recente. O ex-governador Esperidião Amin (PP) foi o comandante dos anos 80-90. Sua queda se deu pela arrogância. Então, surgiu os tempos do ex-governador Luiz Henrique da Silveira (MDB) que foi até mais dominante. Seu domínio só não se chocou com o início do Bolsonarismo porque LHS morreu. Foi nesse momento que o bolsonarismo elegeu seu primeiro governador em SC: Carlos Moisés (PSL).
O ex-presidente Bolsonaro, depois de Amin e LHS, é a primeira figura de fora do Estado que dá o tom nos movimentos da política catarinense. Recentemente as lideranças de direita fazem romaria à sua Casa, em Brasília, em busca de seu apoio. Já foi Carol, já foi Amin e agora vai Jorginho.
No cenário nacional, em função dos problemas jurídicos, o bolsonarismo está em queda, com poucas forças para enfrentar o Lulopetismo. Mas, em SC, segue forte, ainda mais turbinado pelo comando do Governo Estadual. Tem tudo para reeleger Jorginho em 2026. A partir daí, a tendência mostra um cenário para o nascimento de uma nova era. Quem se habilita?