Gean tinha gordura de sobra, Topázio não tem
Venho escrevendo desde o início da eleição em Florianópolis que esse pleito tem cara de ser decidido em dois turnos. Reafirmo a colocação, inclusive trago hoje números para embasar essa linha de raciocínio.
Para um candidato matar a eleição em primeiro turno precisa apresentar nas pesquisas muita gordura para queimar nesta reta final de campanha. Mas, quando falo em gordura, é muita gordura mesmo, tem que estar estourado na liderança.
Caso esse líder nas pesquisas – especialmente se ele for o prefeito – não tenha essa vantagem expressiva, desidrata facilmente nesses últimos dias por vários fatores: os indecisos não vão votar nele e vão buscar outra opção (até porque se fossem votar nele não estariam indecisos); os ataques que venha a sofre de outras candidaturas; o crescimento natural dos demais concorrentes. Todos esses fatores fazem a balança dos votos válidos pesar contra o líder das pesquisas, impossibilitando que ele já atinja o percentual de 50% mais um voto dos votos válidos para ganhar em um turno a eleição.
Vou exemplificar tudo isso que escrevi com os números da última eleição municipal, em 2020. À época tínhamos o então prefeito, Gean Loureiro (UB) disparado na liderança na última pesquisa oficial. Gean só confirmou a tendência e venceu a eleição em um turno porque tinha muita, mas muita gordura mesmo para queimar nos últimos dias.
Na última pesquisa do Ibope, com campo de 12 a 13 de novembro, o líder das pesquisas era Gean com 63% dos votos válidos. No dia da eleição, dia 15 de novembro, ele fez 53,46% dos votos válidos. Uma votação histórica de 126.144 votos matando o pleito em único turno. Mas, o detalhe que deve ter relevo para o cenário atual é que em três dias Gean encolheu quase 10%.
Fazendo a mesma projeção dos demais concorrentes, conforme mostra a ilustração deste comentário, é possível afirmar que a maioria de seus concorrentes cresceu. O segundo colocado, Professor Elson, fez 2% a mais nas urnas, Pedrão fez 4% a mais. A candidata Ângela Amin (PP) até fez menos votos, mas há que se considerar também nessa matemática pequenos crescimentos de outros candidatos nanicos e o volume de votos nulo ou em branco, que sempre é uma incógnita e interfere diretamente nessa conta dos votos válidos.
Para acrescentar um tempero nesse comentário, indico aos meus leitores analisarem a última pesquisa da Quaest, que será divulgada sábado (95). Ela será a baliza ideal para se ter um quadro. Nas anteriores, o prefeito Topázio dançou com a possibilidade de vencer em primeiro turno, mas sempre dentro da margem de erro. Caso nessa pesquisa derradeira o prefeito descole com ampla vantagem de seus concorrentes, tem-se um indício de eleição em turno único. Mas, repito, a tendência não é essa.
Pesquisa indica queda
O cenário eleitoral em Florianópolis mostra o prefeito Topázio Neto (PSD) com uma margem de votos estabilizada acima dos 40% das intenções de votos na estimulada e na casa dos 50% dos votos válidos. Mas nenhum instituto de pesquisa apresentou números que mostrem o prefeito em uma curva de crescimento capaz de vencer as eleições dia 6 de outubro. Pior cenário veio à tona nesta quarta-feira (2) com a revelação de pesquisa que mostrou o prefeito oscilando para baixo.
Trata-se de mais uma rodada de pesquisa do Instituto Futura Inteligência, em parceria com o 100% Cidades, que vamos combinar, até o momento é a mais favorável ao prefeito em seus números até aqui divulgados.
Vamos pegar os votos válidos, que é o que interessa nesse comentário. Na primeira pesquisa divulgada pela 100% Cidades Topázio tinha 53,83% dos votos válidos, subiu para 59,7% na segunda amostra e agora, nesta semana, caiu para 54,4% (uma queda de 5,3%). Um percentual que, caso a eleição fosse hoje, lhe daria a vitória em primeiro turno. Mas, a eleição não é hoje e, como venho pontuado, o cenário deve ser desfavorável até o dia 6 com as demais candidaturas crescendo.
Ainda de acordo com a atual pesquisa do 100% Cidades, no questionário estimulado, o prefeito tem 48,4% das intenções de voto. O detalhe que chama a atenção é que o prefeito despencou 6,4% em relação à pesquisa anterior do mesmo Instituto. Talvez seja fruto dos ataques e críticas que vem sofrendo de seus concorrentes ou talvez seja o eleitor simplesmente mudando seu voto ao se aproximar da reta da campanha.
Vale o registro que a atual pesquisa da 100% Cidades foi registrada no TSE sob o número SC-01385/2024. Foram registradas 600 entrevistas via CATI (entrevistas telefônicas assistidas por computador) entre os dias 27 e 30 de setembro. A margem de erro é de 4 pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.
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O Fla-Flu de São José
Se o cenário do prefeito Topázio Neto (PSD) em Florianópolis é de alerta, com possível segundo turno, o do prefeito de São José, Orvino Coelho de Ávila (PSD) então é desesperador, pode se dizer. As recentes pesquisas divulgadas sobre a eleição na cidade e também as pesquisas internas dos partidos, mostram um empate técnico entre ele e a ex-prefeita Adeliana Dal Pont.
O problema é que Orvino apresenta um teto de votos e tem se mostrado estabilizado. Sem falar no detalhe que aponta que o eleitor que está indeciso até o momento, tem como probabilidade não votar no prefeito do momento, pois já o conhece e se não está com ele até agora é porque está escolhendo outra opção. Lembrando que São José não tem segundo turno.
As estratégias
Desde o início da campanha em São José os bastidores apontavam que a campanha de Orvino contava com um maior número de candidaturas, para que esses votos contrários ao seu governo fossem pulverizados lhe possibilitando vencer com uma pequena margem de votos. Lembrando que na eleição de 2020 ele venceu com apenas 26.897 votos (26,57% dos votos válidos), numa eleição com 101.229 votos válidos (84,10% dos votantes).
O problema para Orvino é que a eleição se encaminhou para uma espécie de Fla-Flu entre ele e a ex-prefeita. Uma eleição de comparações de governos. Assim, as demais candidaturas, ao menos é o que mostram as pesquisas, não tiveram espaço até o momento para crescer.
Sabendo disso a ex-prefeita Adeliana, que apresenta curva de crescimento, foca sua estratégia em apostar no voto útil, daquele eleitor que quer tirar a atual gestão. É o chamado voto de quem não quer Orvino e vê em Adeliana uma alternativa para atingir seu objetivo.
Em São José vai ter emoção até o fim. Mas é um cenário de um prefeito-candidato com teto de voto e estabilizado e uma concorrente com curva de crescimento. Não me surpreenderia nada se nesses últimos dias pipocassem pesquisas mirabolantes refutando essa verdade inconveniente. É do jogo! Se o eleitor muda voto em função de pesquisa? Duvido muito!
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