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O Prefeito TikTok é bem real; Orvino tem o mapa da vitória e outras notas

Acompanhe o balanço das eleições deste domingo (6) que deram a Topázio Neto, em Florianópolis e a Orvino Coelho de Ávila, em São José (ambos do PSD) a vitória para um mandato de mais quatro anos

Prefeito TikTok é bem real

Quando a Justiça Eleitoral concluiu a apuração dos votos de Florianópolis nesta noite de domingo (6), conferindo a Topázio Neto (PSD) a impressionante marca de 161.839 votos (58,49% dos votos válidos) carimbou no prefeito reeleito a marca de prefeito de fato e de direito. Topázio que era chamado de “Prefeito TikTok” devido sua estratégia de se popularizar através das redes sociais, mostrou nas urnas que é mais real do que seus adversários imaginavam.

Ao fazer mais votos que seus adversários, Topázio matou a eleição em turno único, superando em número de votos inclusive seu antecessor, Gean Loureiro, que na eleição de 2020 também conseguiu vencer em primeiro turno, com 126.144 votos. Pesquisas indicavam essa possibilidade de turno único. Porém, alguns analistas, inclusive eu – que admito meu equivoco – acreditavam no crescimento de seus concorrentes na reta final. Entretanto, cresceu quem tinha mais estrutura e mais condições de ampliar a votação.

Estratégia perfeita

Dizem que em eleição vence quem menos erra. Nesta eleição na Capital venceu a campanha que menos errou e mais que isso, a que mais acertou. O mago Fábio Veiga conduziu a estratégia de Topázio com fina perfeição. Uma campanha alegre, leve e que respondeu seus adversários quando precisou. Importante dar o mérito também ao competente Bruno Oliveira. Se Topázio é esse “case” de comunicação, coisa que já foi Gean Loureiro, muito mérito de Bruno, que se consolidou mais uma vez como o grande construtor de imagem de político nas redes sociais em SC.

Articulação política

Importante reconhecer também o trabalho político por trás da candidatura de Topázio. Tanto o secretário da Casa Civil, Carlos Eduardo Mamute, quanto Fábio Botelho souberam orquestrar o verdadeiro Exército de candidatos a vereador e de cabo eleitorais que garantiu a eleição de 17 dos 23 vereadores da futura Legislatura. Esse trabalho foi dividido com as lideranças do PL, que acrescentaram a equipe com o empenho do governador Jorginho Mello e seus filhos Filipe e Bruno, que mergulharam de cabeça no projeto.  

Maioria

A nova composição da Câmara da Capital terá maioria governista com 17 vereadores. A renovação ficou no tradicional 30%. Os partidos que mais elegeram vereadores foram o PL e o PSD, ambos com 5 vereadores. O MDB e PSOL fizeram 3 cada um, o Republicanos, PT e União Brasil fizeram dois cada e o PSDB fez um, Renato da Farmácia, que conseguiu se garantir como único representante da chapa de Dário Berger (PSDB). O desenho ideológico da nova Câmara, com eleição de 5 vereadores dos campos de esquerda e de mais vereadores de PL aponta para um legislativo mais ideológico e que deverá travar batalhas no campo de valores.

Boa votação

O deputado estadual Marquito (PSOL) conseguiu fazer mais uma grande votação. Ao conquistar 61.509 votos (22,23%) carimbaria sua passagem para o segundo turno, caso ocorresse. Sua forte votação impediu que o candidato do PT, Lela, mesmo com apoio do presidente Lula, conseguisse deslanchar. Lela ficou na quinta colocação com apenas 16.001 votos. O candidato Pedrão também não empolgou o eleitor, que já via em Topázio seu representante no campo de direita, mesmo assim fez 19.640 votos ficando inclusive na frente de Dário Berger.

Aposentadoria

Agora, ao falar de Dário Berger (PSDB) importante frisar que aconteceu com Dário justamente o que ele mais temia. Antes de iniciar a eleição ele confessou a lideranças próximas que não queria encerrar a carreira política como Ângela Amin (PP), que na eleição de 2020 até iniciou a campanha com 25% das intenções de voto, contudo, foi desidratando e acabou o pleito com míseros 17.515 ou 7,42% atrás de Pedrão, na quarta colocação. Dário seguiu o mesmo roteiro, desidratou e acabou em quarto lugar com apenas 16.750 votos ou 6,05%.

Correção de rota

A derrota de Dário também é a derrota de Gean Loureiro (União Brasil) que estrategicamente tirou o partido da base de Topázio para apoiar Dário. Os vereadores da sigla não lhe acompanharam e dois deles, Dinho e Mama, inclusive foram eleitos entre os mais votados apoiando Topázio.

Gean não terá forças para manter o controle do partido na Capital e terá que repensar sua vontade de disputar uma cadeira na Alesc em 2026. Gean é um político novo e precisa corrigir sua estratégia que está escancaradamente errada, uma vez que não conseguiu eleger nem seu vereador, Adriano da Pesca. É momento de correção de rota para o ex-prefeito.  Político isolado não chega a lugar algum.

Não renuncia

Em entrevista nesta segunda-feira (7) o prefeito Topázio Neto (PSD) reafirmou o que disse na campanha, que pretende cumprir o mandato até o final. Há expectativa nos meios políticos que o prefeito venha a disputar uma vaga na Alesc ou Congresso Nacional em 2026, para ajudar seu parceiro político, o governador Jorginho Mello (PL). Topázio nega, sempre que questionado, mas em política, tudo é possível. Se ele for convencido a renunciar e disputar em 2026, assume Maryanne Mattos do PL, natural candidata a reeleição.

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Orvino mostrou que tem o mapa da vitória

Em São José o prefeito Orvino Coelho de Ávila (PSD) foi reeleito com 41,41% dos votos (51.347). As últimas pesquisas mostravam que a eleição no município estava polarizada entre Orvino e a ex-prefeita Adeliana Dal Pont (PL) e isso ficou evidente, visto que Adeliana fez 33,20% ou 41.170 votos, muito acima dos demais concorrentes que ficaram bem abaixo.

Uma frase que o prefeito gosta de usar explica muito bem sua vitória. Ele costuma dizer algo parecido com isso: “estou muito velho para perder os amigos que tenho, pois não tem mais tempo para fazer novos amigos”. Pois foi esse arco de amizades que solidificou sua caminhada à reeleição.

Lá atrás, antes de começar o pleito, escrevi nesse espaço, que não dava para menosprezar um político que venceu tantas eleições como Orvino. Mesmo com uma administração questionada e uma eleição acirrada, Orvino soube conduzir sua fragata até a vitória.

Conselheiro mor

Importante ressaltar que como Florianópolis, em São José o prefeito Orvino contou com experientes orientações. Entre elas, uma que considero fundamental, de alguém que não tem tantos holofotes, mas entende muito desse negócio de ganhar eleição. Falo do Secretário da Casa Civil Luiz, Fernando Verdine, que ao lado de outras lideranças, soube coordenar o exército de candidatos a vereadores, que garantiram ao governo a maioria na Câmara na futura legislativa.

Estratégia

Além do poder da máquina, Orvino acertou na estratégia. Desde o início da campanha a linha foi ao menos dividir o voto Bolsonarista, dado o fato de a principal adversária, Adeliana Dal Pont estar filiada ao PL. Uma estratégia muito bem executada pelo coordenador de marketing da campanha, Maurício Locks. Confesso que não só eu, mas muitas pessoas não enxergaram a ação como bons olhos, mas há que se registrar que Locks estava certo.

Há bem da verdade o bolsonarista raiz de São José conhece muito bem tanto Adeliana quanto Orvino e sabe que ambos não têm o perfil que lhes agrada. Porém, a estratégia ao menos evitou que todo esse contingente de voto migrasse ao natural para o número 22 de Adeliana.

Ampla maioria

A força do grupo político de Orvino desenhou a maioria de apoio na formação da futura Câmara de Vereadores também. Ficou assim a divisão de cadeiras. O PSD do prefeito fez 5 vereadores, mais 4 do MDB do vice-prefeito. O PL de Adeliana fez 4 vereadores, seguido pelo Republicanos com 2 e com um vereador cada também marcaram presença o PDT, PT, Novo e União Brasil.

Campanha sabotada

O resultado das urnas deste domingo (6) impôs derrota para Adeliana Dal Pont, mas uma derrota honrosa, se é que existe honra na derrota. A força de políticos e lideranças em torno do prefeito Orvino era imensamente grande, sem falar da extrema dificuldade que teve Adeliana ao optar pelo PL. Lideranças liberais como Júlia Zanatta prejudicaram sua campanha desde o início. Foi uma candidatura sabotada do início ao fim. Acho até que o PL foi a pior escolha que Adeliana poderia ter feito.

Mesmo assim ela fez 41.170 votos. Vale ressaltar que os candidatos a vereador do seu PL não fizeram a metade desses votos, apenas 19.487. Ou seja, Adeliana foi maior que sua base de apoio, mas não foi o suficiente. Apenas serviu para Orvino e companhia limitada gastarem um pouco mais.

Covardia

A verdade é que o instituto “reeleição” é uma covardia. É praticamente impossível vencer um prefeito que usa do dinheiro público e estrutura para fazer política por quatro anos e aparelha a prefeitura com todo aparato de lideranças puxadores de voto.

Foi essa engenharia que deu a Gean a vitória em primeiro turno e agora deu a Topázio igual vitória em primeiro turno. Impossível competir contra um candidato que tem vereadores com 60 ou até mais indicações dentro da prefeitura.

A prova maior é que todos os prefeitos, ao menos das grandes cidades, foram reeleitos. Santa Catarina inclusive não terá segundo turno em nenhum lugar. O político tem que ser muito ruim para perder uma reeleição. Eu me lembro de um só que conseguiu essa proeza: o ex-governador Carlos Moisés.

O sucessor

Quem vai surfar nesse cenário de poderio da máquina pública em quatro anos é o vice-prefeito de São José, Michel Schlemper (MDB). Ele é o natural sucessor de Orvino. Nos bastidores nada indica que o prefeito vá renunciar para concorrer a outro cargo, portanto, deve encerrar o mandato. Mesmo assim, Michel, dado o grau de amizade e parceria com Orvino, tem tudo para ser o nome para a sucessão em São José. Lembrando que em 2028 São José terá eleitores suficiente para ter segundo turno.

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