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Seminário Novembro é Todo Dia abre com palestra sobre letramento racial

Professores da rede municipal de São José participam de formação continuada

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A Secretaria de Educação de São José iniciou nesta segunda-feira (13) o Seminário Novembro é Todo Dia com o intuito socializar as práticas sobre a temática relacionada às questões étnico-raciais nas unidades educativas e aperfeiçoar os conhecimentos das equipes sobre o assunto. Profissionais de educação da rede municipal de ensino participam das formações, que estão organizadas em cinco encontros nesta semana e no dia 22 de novembro.

A coordenadora do setor de Educação para as Relações Étnico-Raciais (Erer), Soraia Rebelo, destacou as principais ações executadas. “Temos atuado – em parceria com as unidades educativas – em várias frentes para ampliar questões ligadas à inclusão e ao respeito da diversidade étnico-racial no Município de São José. Propusemos e recebemos apoio das unidades na construção da Caixa é Nossa Voz, que foi disponibilizada nas unidades de ensino. Assim, a comunidade escolar pôde descrever múltiplas situações de discriminação e de preconceito. Relatos esses que estavam presos e agora se transformaram na música ‘Tudo vai Ficar Bem’, lançada neste Seminário. Também visitamos as unidades para divulgar informações sobre o projeto e afixar o cartaz ‘Construindo um Futuro sem Racismo nas Escolas’.

Outra ação importante foi a elaboração de um protocolo de atendimento aos casos de violência racial no ambiente escolar”, ponderou. A secretária adjunta de Saúde, Fabrícia Martins, contextualizou o cenário histórico de lutas e conquistas dos negros no Brasil, reforçando a importância dos profissionais de educação para a formação dos cidadãos. “Nosso país tem 523 anos desde a colonização, sendo que durante 388 anos os nossos antepassados foram escravizados. A abolição é um acontecimento recente, com 135 anos. Somente na década de 60 é que a população negra começou a ter acesso regular às instituições educacionais. Educadores são agentes ativos na desconstrução da discriminação e do racismo”.

O vereador Antônio Carlos da Silva, conhecido como Toninho, elencou conquistas recentes no Município. “Agora em outubro, aprovamos a Lei n°19534/2023, que reserva 20% vagas às pessoas negras nos processos seletivos e nos concursos públicos promovidos por órgãos da administração direta, autarquias e das fundações do Executivo e do Legislativo”.

Para a secretária de Educação, Rose Bartucheski, promover essas atividades é fundamental para contribuir com a construção de práticas antirracistas.  “Criança não nasce preconceituosa. Se ela faz, é porque ela vê. Então, precisamos dar bons exemplos, saber acolher, orientar. Não podemos admitir que no ambiente escolar ainda tenhamos preconceitos”, mencionou.

Representando o prefeito Orvino Coelho de Ávila, que não pode estar presente em razão de outra atividade, a primeira-dama, Sandra Mikulski, destacou a implantação da Semana Municipal da Cultura Negra (Lei Municipal nº 5.914/2020), iniciativa proposta por Orvino durante o período em que ocupava a posição de vereador. “As atividades desenvolvidas pela Erer contribuem para termos profissionais mais instruídos para multiplicar as boas práticas sobre o combate ao racismo e a discriminação no ambiente escolar”.

Depoimentos

Na sequência da cerimônia de abertura, a estudante do Centro Educacional Municipal (CEM) Santa Ana, Lorena da Silva Rodrigues, de 9 anos, emocionou o público ao contar a história “Amor de Cabelo”. “Eu gostei muito desse livro porque ele fala sobre o nosso cabelo, que é difícil de cuidar, mas é muito bonito. Aí a professora pediu para eu ler para a minha turma, depois eu li para outra turma. Fui convidada para levar essa contação para outra escola. E depois de tantas leituras, eles me chamaram para ler aqui”, contou Lorena.

Depois, foi a vez da professora na Educação Escolar Quilombola Raýsa Gonzaga palestrar sobre letramento racial. “É fundamental a gente compreender como as relações raciais se constituem, se constroem na nossa sociedade, para daí implementar em sala de aula”.

Para o professor da Escola Básica Municipal Altino Corsino da Silva Flores, Júlio José Libanês, incorporar práticas educacionais que estimulem a compreensão e o respeito à diversidade étnica-racial favorece a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “Na medida em que todos os profissionais da rede municipal se reúnem em prol desta pauta, isso incentiva a trabalhar de forma mais firme na sala de aula, tendo acesso ao conhecimento, às outras histórias, às experiências”.

Nos próximos encontros, também serão debatidos: acessibilidade para comunidade surda e geração de trabalho e renda para mulheres pretas; educação quilombola; possibilidades pedagógicas para uma educação antirracista; a lei de cotas na Educação; aspectos epidemiológicos das desigualdades raciais em saúde; e povos indígenas na Grande Florianópolis.

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