spot_img
Hoje é terça-feira, 1 de julho de 2025
spot_img
Coluna da UNIMED
Coluna da AMPE
Coluna do Adriano
Publicações Legais
InícioGERALAos 67 anos, estudante da EJA de Florianópolis conquista seu primeiro diploma

Aos 67 anos, estudante da EJA de Florianópolis conquista seu primeiro diploma

Com a filha sendo a diretora da escola que funciona como polo, Sidnei Vieira da Costa finalizou o primeiro segmento do ensino fundamental em 2022

spot_img

Incentivada pelo marido e inspirada pelas filhas e cunhada, todas pedagogas que atuam na rede de ensino de Florianópolis, Sidnei Vieira da Costa, aos 67 anos, formou-se no primeiro segmento do ensino fundamental na Educação de Jovens e Adultos (EJA), no final de 2022.

Sidnei é filha de um pescador e uma rendeira, a mais nova entre 7 irmãs. Quando seu pai veio a falecer precocemente, ela tinha apenas 2 anos e, por conta da complicada situação financeira, precisou deixar os estudos muito cedo para contribuir com a renda da família.

Até então, ela havia conseguido concluir a 4ª série – hoje, equivalente ao 5º ano, na escola primária no bairro Ingleses (Norte da Ilha), onde atualmente está localizado o Núcleo de Educação Infantil Municipal Gentil Mathias da Silva.

Nesta época, suas três irmãs mais velhas foram para o centro da cidade trabalhar como domésticas, enquanto Sidnei e as outras meninas mais novas auxiliavam a matriarca com a produção das rendas de bilro e redes de pesca – ofício que todas as filhas foram ensinadas desde crianças.

Anos se passaram e a jovem rendeira conheceu seu marido, Danilo Hercílio da Costa, natural de Canasvieiras, com quem é casada há 42 anos e teve 3 filhos. O primeiro faleceu durante o parto em 1982, logo depois vieram as meninas Mariana e Fabiana.

O sustento deles sempre veio da arte da renda e do mar, pois Danilo é pescador industrial desde os 14 anos, mas a família queria dar a oportunidade de Sidnei voltar a escola e finalmente conquistar seu tão sonhado diploma.

De volta a sala de aula após quase 5 décadas

O incentivo das filhas, marido e até mesmo das colegas do grupo de idosos que participa, foi o estímulo que precisava para se inscrever no primeiro segmento do ensino fundamental da EJA no ano passado.

Mas, a artesã conta que foi um desafio concluir os estudos, novamente. “As aulas eram de segunda a quinta-feira, no período noturno, e mesmo com o frio rigoroso do inverno, eu e as minha colegas de classe, 17 senhoras moradoras da comunidade do Santinho, não desistimos”, explicou Sidnei.

Além da perseverança, o que a ajudou a finalizar o primeiro segmento e já se matricular no segundo em 2023, foi o fato de que suas filhas estavam presentes no dia a dia da Escola Básica Municipal Maria Tomázia Coelho, que funciona como polo da EJA, Mariana como diretora e Fabiana, na época, como secretária.

EJA plantando a semente da mudança nas pessoas

”Nunca imaginei que teria a oportunidade de ensinar a minha mãe, durante o projeto de pesquisa, nós ficávamos até tarde ajudando nos “deveres” que ela levava para casa. Até a neta mais velha muitas vezes prestava o auxílio.. Sidnei é avó de 2 meninas Maria Augusta, 12 anos, e Luísa, 4 anos”, revela Mariana.

Ela também relata que a EJA significou uma mudança na vida da mãe, e que a interação social com as colegas de sala proporcionou um encorajamento maior para que todas as noites ela fosse para a escola. “Ela aprendeu coisas que jamais aprenderia se continuasse em frente a televisão. Um exemplo disso são as aulas de robótica, música e informática, onde ela se destacava”.

A filha mais velha de Sidnei e Danilo iniciou sua jornada na rede municipal de ensino de Capital em 2014, e hoje como responsável pela unidade educativa, se sente gratificada ao ver a escola ganhando vida além das 17h15.

“A EJA sempre foi uma das minhas prioridades no Projeto de Gestão, e na primeira turma presencial da modalidade aqui na unidade, acredito que plantamos a semente da mudança nas pessoas, que são responsáveis por transformar o mundo!”.

Para a pedagoga, ter a mãe estudando na unidade em que ela é diretora foi um marco na carreira enquanto professora e servidora da Secretaria de Educação de Florianópolis. “Nunca imaginei que na minha vida profissional teria a oportunidade de servir minha comunidade, e principalmente, a minha mãe dessa maneira”.

“Formar a nossa mãe na EJA foi retribuir um pouco de todo o amor e tudo que ela fez por e pela nossa família. Além disso, essa formatura mostrou a resistência de uma Escola Pública de qualidade, que garante o direito e o acesso à educação de todos: crianças, adolescentes e idosos!”, finaliza Mariana.

O secretário de Educação da Capital, Maurício Fernandes Pereira, complementa que a EJA é um dos exemplos mais lindos de transformação de vidas. “Sidnei provou que não há idade para retornar à sala de aula e realizar seu sonho aos 67 anos”, ressalta Maurício.

spot_img
spot_img
spot_img
ARTIGOS RELACIONADOS
Publicidadespot_img
Publicidadespot_img
Publicidadespot_img
Publicidadespot_img
Publicidadespot_img
spot_img

Últimas do Informe Floripa