O Jardim Botânico Max Hablitzel, localizado em Potecas, em São José, será maior unidade de conservação municipal de Santa Catarina. Para isso, a área original de 160 mil m2 de Mata Atlântica vai ganhar um adicional de 124 mil m², com fragmento de vegetação, que foram doados ao Município pela iniciativa privada e incorporados mais 180 mil metros quadrados de áreas preservadas por compensação.
A carta de doação e a minuta do projeto transformando o local na primeira unidade de conservação municipal cadastrada no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) foram apresentados na terça-feira (18), durante a reunião do Condema (Conselho Municipal do Meio Ambiente), realizada no Jardim Botânico.
Segundo a superintendente da Fundação do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Gabriela Brasil, uma vez aprovada minuta, o projeto segue para a Câmara de Vereadores. Com a criação da unidade, Município se credencia para o recebimento de recursos financeiros para ampliar a conservação ambiental, modernizando projetos da Fundação Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (FMADS). O projeto tem o objetivo de fortalecer a biodiversidade, ampliando o habitat e criando corredor ecológico para a fauna silvestre.
Na tramitação do projeto no Legislativo municipal, explica Gabriela, deverá ser realizado uma consulta pública, onde a população de São José poderá contribuir com propostas e conhecer todo projeto. “A meta é concluir todo o processo ainda neste primeiro semestre de 2023”. “O Jardim Botânico sendo inserido no CNUC habilita a unidade de conservação a receber valores oriundos de projetos de conservação de outros órgãos ambientais e instituições, também medidas compensatórias advindas de empreendimento licenciados pela FMADS, IMA ou Ibama, complementa.
A criação da unidade de conservação no CNUC e a incorporação da doação da área da empresa J.A.Urbanismo se revelam em importante conquista para o meio ambiente de São José e consequentemente de Santa Catarina. “Essa proposta faz parte do plano de governo municipal, vai ao encontro do desejo do prefeito Orvino Coelho de Ávila de que o Município tenha mais áreas verdes, oferecendo momentos de lazer e qualidade de vida aos josefense”, observa.
O diretor de negócios da J.A. Urbanismo, Rafael Martins, lembrou que a empresa já foi a doadora do terreno para implantação do Jardim Botânico em 2012 e que agora faz mais essa doação. “Estamos há mais de 30 anos no mercado josefense e estamos felizes por estarmos contribuindo para esse importante projeto de preservação do meio ambiente.”
O estudo para transformação do Jardim Botânico num Parque Municipal e sua inclusão no CNUC foi desenvolvido pelo Instituto Nila. A bióloga e consultora, Edilane Rocha Nicolete, apresentou a proposta e a minuta do projeto de lei que será encaminhado à Câmara de Vereadores aos membros do Condema que o aprovaram.
Preservação de espécies nativas
Com 160 mil m² de Mata Atlântica preservada, o Jardim Batânico Max Hablitzel completa em agosto oito anos. Ele é o primeiro de Santa Catarina a integrar a lista oficial dos jardins botânicos brasileiros, reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente. Outra curiosidade sobre o local é que a instituição tem uma das maiores coleções de sementes do estado.
O Jardim Botânico tem a função de integrar as três áreas de atuação – pesquisa, conservação e educação ambiental de um jardim modelo, com o mesmo peso e harmonia na sua estrutura e planejamento.
Lá, são realizadas diariamente ações diversificadas. Entre elas, o atendimento às escolas e grupos de visitantes para apresentação do Jardim Botânico, educação ambiental (conscientização e preservação do Bioma Mata Atlântica), manutenção das plantas localizadas no Jardim Sensorial, preparação e manutenção dos indivíduos do Cactário que conta com três famílias de plantas suculentas (Apocynaceae, Cactáceae e Euphorbiáceae), preparação de experimentos com mudas de espécies nativas do Bioma Mata Atlântica na estufa experimental, curadoria, organização e conservação das exsicatas já catalogadas no Herbário HIPE do Jardim Botânico.
Reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente e integrante do Rede Brasileira de Jardins Botânicos, o espaço é um importante instrumento de estudo e preservação de espécies nativas da flora brasileira.
O espaço conta com a sede administrativa, auditório e anfiteatro para eventos de educação ambiental, trilha ecológica, jardim sensorial, cactário, estufa com vegetação nativa e um herbário, uma coleção científica composta por amostra de plantas secas, semelhante a um museu de espécies.
Quem foi Max Hablitzel
Foi um agricultor, engenheiro agrônomo e orquidófilo brasileiro.
Sua grande paixão foram as orquídeas e as bromélias, que cultivou por mais de 50 anos, formando uma das maiores coleções particulares de orquídeas e bromélias do mundo. Dedicou-se ao cultivo depois que vendeu parte das terras – uma das áreas transformou-se no Bairro Fazenda Santo Antônio, que por isso ainda hoje é conhecido como Fazenda do Max – e passou a ser conhecido pela imensa coleção que criou.
Chegou a possuir 240 mil vasos para estudos, pesquisas e cruzamentos de espécies – apesar de que, segundo o próprio, ele não sabia o tamanho exato. O orquidário foi desativado em 2011, quando Max tinha 87 anos e já estava doente e longe da sede da fazenda. Boa parte da coleção, principalmente de bromélias, foi doada para o novo jardim botânico de São José.