A imprensa estadual informa que o Tribunal de Contas de SC deverá apresentar nesta quarta (11) um relatório apontando casos em que supostos alunos apresentaram dados falsos para serem contemplados pelo Universidade Gratuita do Governo de SC. Se as denúncias se confirmarem, a programa estadual se assemelhará ao Auxilio Emergencial criado pelo governo Bolsonaro durante a Pandemia. Dois programas necessários, deturpados pela má índole de alguns cidadãos.
Sobre o Universidade Gratuita, as informações são de que os auditores do TC encontraram supostas fraudes de alunos que foram contemplados com bolsas de estudos nas universidades do sistema Acafe, com rendas não condizentes. Ou seja, nos papéis apresentados eles se encaixam na baixa renda, porém, segundo relatos, ostentam com renda familiar alta, carros de luxo, afiliação de empresários e há até funcionários públicos.
O roteiro é mais ou menos aquele que presenciamos diante do maior drama recente da humanidade. O governo Bolsonaro criou o Auxílio Emergencial – talvez sua maior ação durante a pandemia. Foi uma forma de colocar no bolso das pessoas pobres uma grana para passarem pelos tempos difíceis. O objetivo era beneficiar os mais humildes e menos favorecidos, mais expostos à crise sanitária. E, de fato foi, ajudou muito gente. Mas, o que se viu e veio à tona também foi uma grande quantidade de gente de má fé, com alto poder aquisitivo que se declarou pobrezinha naquele momento só para colocar uns trocados no bolso.
De acordo com as primeiras informações sobre a investigação do Tribunal de Contas, é possível fazer esse paralelo muito facilmente. São duas ótimas ações de governos, que são deturpadas por alguns de índole duvidosa. Mas, é preciso prudência. Há que se aguardar o relatório e ver caso a caso. Não se pode sair acusando meio mundo sem uma investigação séria, profunda e isenta.
O Universidade Gratuita é uma baita de uma ideia do governador Jorginho Mello. Seu objetivo é oportunizar o ensino superior a quem não tem condições de pagar. E muitos no Estado se encontram, nessa condição. Recém lançado, ainda merece ajustes. Inclusive já teve alguns ajustes nos critérios de avaliação de admissão de interessados, deixando-os mais rígidos. Inclusive o próprio TC pode ser um agente auxiliar nesse aperfeiçoamento.
Agora, comprovada a má fé de uma meia dúzia, estes devem ser penalizados. O mínimo que se espera é que devolvam os recursos aos cofres do Estado e percam o benefício da bolsa. Na outra ponta, que aqueles que não foram contemplados, o sejam. Há que se ter uma investigação séria e sem paixões políticas. O próprio governador Jorginho Mello já deu esse encaminhamento ao oficializar uma representação sobre a denúncia na 5ª DP do bairro Trindade, em Florianópolis para que a Polícia Civil investigue. Leia mais aqui.
Estimular a educação é inegociável
É importante que essa investigação sobre essas supostas fraudes no Universidade Gratuitas não sejam contaminadas pela disputa política. É um assunto muito sério para virar guerra de narrativas. Sem falar da importância de se incentivar cada vez mais a presença dos alunos nos bancos escolares.
O Universidade Gratuita foca o ensino superior. Mas, temos outros casos de programas de transferência de renda para estimular os alunos a se esforçar no ensino médio, como fez o ex-governador Carlos Moisés, num programa que se não me falha a memória está tendo seqüência no atual governo.
No plano Nacional o Governo Lula também criou o Pé de Meia, que praticamente paga para o aluno estudar e não trocar as salas de aula por um trabalho durante o ensino médio. O foco é diminuir a evasão escolar e melhorar a educação como um todo.
O jeitinho brasileiro
Esses casos de má fé envolvendo a Universidade Gratuita e o Auxílio Emergencial me fez lembrar uma história que certa vez ouvi de um amigo. Ele contou que um brasileiro estavam em viagem em um País na Europa que não me recordo qual era. Ao chegar ao metrô ele percebeu que tinha uma catraca liberada para quem não tivesse dinheiro para pagar. Ele ficou um tempo observando e notou que ninguém a usava.
Ao adquirir seu ticket ele questionou o atendente. Queria saber se não estaria errado aquilo, uma vez que pessoas que tinham dinheiro poderiam se fazer valer da vantagem e usar a catraca que não exigia o pagamento da passagem. A resposta foi mais ou menos essa e o fez pensar: “por que alguém que tem dinheiro faria isso?”
A reflexão que fica é que o brasileiro precisa evoluir muito como sociedade repensar os valores humanos. O jeitinho brasileiro nunca morreu e sempre esteve entre nós. E estamos falando de pessoas burlando um programa social em Santa Catarina, que se orgulha da sua condição de um dos melhores estados do Brasil. Muitas vezes criticamos a inércia do governo. Mas, quando o governo faz algo bom, somos nós que estragamos.
Agora, crianças, vamos esperar o tal relatório do TC! Tenham um bom dia!