Quem passa pelo Centro Histórico de São José não deixa de contemplar a Igreja Matriz, em frente à Praça Hercílio Luz. Mas poucas pessoas sabem que, a cerca de 200 metros dali, existe outra igreja que também enriquece a história josefense. A pequena e elegante Capela do Senhor do Bonfim emoldura a paisagem centenária do Morro do Senhor do Bonfim, logo na entrada do Centro Histórico.
A construção teve início em 29 de junho de 1851, a partir da planta idealizada pelo vigário Macário César d’Alexandria e Souza, da Paróquia de São José. Natural da Bahia, o padre percebeu que havia na comunidade vários devotos do Senhor do Bonfim. Com isso, angariou doações e decidiu dedicar a capela a esse padroeiro. Sua construção deu origem à tradicional procissão do Senhor do Bonfim pelas ruas do Centro Histórico.
Foi encomendada na Bahia uma imagem do santo, que chegou a São José em 19 de março de 1852. Ela permaneceu guardada na Igreja Matriz até 26 de dezembro do mesmo ano, quando foi levada à capela recém-inaugurada e colocada em uma cruz de jacarandá — obra do mestre carpinteiro Luiz Henriques dos Santos Souza — toda ornamentada em prata, trabalho do ourives josefense José Silva.
Na noite de 31 de dezembro, a imagem foi transladada novamente para a Matriz, e no dia seguinte ocorreu a primeira e solene procissão de retorno. Com o passar dos anos, a devoção ao Senhor do Bonfim transformou-se em um verdadeiro símbolo da religiosidade do povo de São José, reunindo multidões nas celebrações.
A capela é uma obra-prima da arquitetura luso-brasileira, embora seu interior tenha passado por uma grande reforma — parte dela visível externamente. A fachada principal conserva a aparência original, com uma porta simples. O frontão triangular é decorado por cimalha, marcado pelo óculo central e coroado por caprichosas volutas (ornamento em espiral ou em formato de pergaminho, encontrado na arquitetura como a base da ordem jônica e presente também nas ordens coríntia e composta).
A torre sinaleira apresenta janelas em arco abatido e, no topo da cúpula, há uma grimpa em forma de galo, semelhante à da Igreja Matriz. O gracioso adro em frente à igreja é uma herança portuguesa: calçado com lajes de pedra vermelha, é ladeado por bancos de alvenaria apoiados no próprio muro.









