“Com essa variabilidade ambiental, claro que nossa digestão muda, mas quando esses sintomas deixam de ser esporádicos, tornam-se frequentes e interferem em nossa qualidade de vida (podendo gerar inclusive sintomas extra intestinais, como enxaqueca e lesões de pele), é importante investigá-los”, ressalta o médico.
E é durante o quinto mês do ano, o conhecido Maio Roxo, mês de conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais, as conhecidas DIIs, que esse assunto ganha mais visibilidade e também surgem mais dúvidas sobre o assunto.
O médico comenta que um dos principais questionamentos é se o intestino solto e o estufamento na barriga tem relação com as doenças inflamatórias, que causam grandes inflamações e danos na mucosa do intestino, e a resposta é que sim. No entanto, elas, Crohn e Retocolite, não são as causas mais frequentes. Segundo o profissional, os principais motivos de intestino solto estão associados a quadros de intolerâncias alimentares, disbiose e doenças como a síndrome do intestino irritável, por exemplo.
“Os quadros de intestino solto ou diarreia são divididos em agudos, que são aqueles que duram até 14 dias e crônicos, que passam de um mês. As diarreias agudas possuem em sua maioria uma causa infecciosa (vírus, bactérias e protozoários), diferente da crônica onde doenças como síndrome do intestino irritável, doença celíaca e a tão falada intolerância à lactose, por exemplo, podem explicar estes quadros”, destaca.
Causas das alterações intestinais
Uma causa bem comum de estufamento e intestino solto (podendo em alguns casos cursar também com intestino preso), são as intolerâncias alimentares. Dentre elas, a mais comum, de acordo com o médico, é a intolerância à lactose (o açúcar do leite).
“Essa intolerância pode atingir até 65% da população, em determinados grupos étnicos, e a sua principal causa é a não persistência da enzima (lactase) responsável pela sua absorção no nosso intestino, fazendo com que este açúcar fique disponível no intestino e isso cause grande fermentação pela nossa microbiota intestinal”, explica.
No entanto, outras intolerâncias podem causar sintomas e desconfortos intestinais, como a intolerância a frutose, intolerância ou sensibilidade ao trigo não celíaco, além outros carboidratos fermentadores (sigla em inglês FODMAP).
Essa sigla que significa: oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis, quer dizer que alguns alimentos, apesar de saudáveis, como brócolis, repolho, maçã, pêssego, nectarina, podem gerar, em alguns indivíduos, excesso de fermentação e sintomas.
“Lembrando sempre daquilo que falamos na época do Maio Roxo: os sinais de alarme como perda de peso, sangramento nas fezes, febre, anemia, diarreias e dores com despertares noturnos, estes sim devem investigados imediatamente, pois tem relação com as DIIs”, completa.