Um vereador de Florianópolis resolveu se erguer de uma forma organizada e firme contra a desobediência da Casan em relação ao contrato que tem com Florianópolis, especialmente em relação ao saneamento básico. O vereador Rafinha de Lima (PSD) usou a tribuna da Câmara nesta terça-feira (6) para informar que não vai sossegar enquanto a relação entre a estatal e o município estejam equilibrados.
O vereador ponderou que são muitos os exemplos de descaso da Casan com a população e isso chegou a um limite. “Temos que discutir uma nova concessão de saneamento”, sentenciou. “Temos que discutir a prestação de serviço que vem sendo feita. Florianópolis arrecada para a Casan mais de 450 milhões de reais por ano. Não é por falta de dinheiro. Agora a gente se questiona: para onde está indo esse dinheiro? Para Florianópolis é que não está vindo”, frisa.
Rafinha disse que já conversou com o prefeito Topázio Neto (PSD) e tem respaldo para avançar com essa cobrança. Ele complementou falando que nas próximas semanas vai continuar batendo muito nessa tecla.
Para ilustrar a incompetência da estatal, o vereador comentou que até um ato que deveria ser positivo, como a recente inauguração da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) do bairro João Paulo – em função da omissão da empresa – acaba tendo uma imagem negativa. “Demorou 15 anos a inauguração de uma ETE e fui ver o valor: quase três vezes o custo que deveria ser originalmente. Quase 150 milhões de reais para atender 8 mil famílias. Não dá para comemorar a ineficiência”, destacou.
Com forte atuação naquela região da cidade, Rafinha lembrou que ao longo dos anos participou de diversas reuniões para reivindicar o saneamento em áreas como a Barra do Sambaqui e Santo Antônio de Lisboa. Mesmo agora com a ETE, o investimento chegou tarde. “Sem falar que agora a rede coletora que foi feita há 10 anos, terá que ser toda ela refeita, porque já está depreciada, sem falar que foi feita com a ideia de escoar para um lado e – a ETE – foi feita para outro lado”, explica.
Segundo Rafinha, esse é só mais uma prova da incompetência da empresa. “Isso mostra a ineficiência da Casan. A Casan não tem condições de investir os bilhões que Florianópolis precisa para chegar à universalização do serviço em 2033. Por isso chega a hora de discutirmos a situação do saneamento”, frisa.
Vereadores apoiam posicionamento
A fala de Rafinha foi corroborada pelo vereador Adrianinho (Republicanos) que reclamou que no Norte da Ilha, próximo ao Rio Capavari, foi inaugurada recentemente uma estação de tratamento, porém, a população não tem condições de fazer a ligação de esgoto para levar o material até a estação.
De acordo com o vereador, falta infraestrutura. Há ruas em que a rede de esgoto foi feita só em uma parte; faltam elevatórios no final das ruas e outros detalhes prejudicam o uso do sistema pelos moradores. “Um percentual muito pequeno de pessoas conseguiu fazer a sua ligação na rede”, ponderou. “A Casan nos passa que não tem previsão de arrumar isso”, disse.
Também foi na mesma linha o vereador Dinho (UB) que descreveu a mesma situação no bairro Cansavieiras, onde o esgoto está sendo jogado na rua in natura e no rio a céu aberto. “E não temos uma resposta da Casan”, falou.