Um dos aspectos mais significativos ocorridos durante a pandemia da Covid-19 foi trazer o mesmo drama humano para todas as pessoas do planeta. Por óbvio, cada qual enfrentou as dificuldades com os recursos que tinha à disposição – como sempre, muita gente sofreu mais do que o necessário. De qualquer modo, talvez pela primeira vez desde a Segunda Grande Guerra, a história do mundo também passou a ser a história do cotidiano. O universal ganhou o particular e vice-versa. E é justamente nessa intersecção entre o plural e o singular que se situam os textos do livro Santas Cartas: crônicas de duas cidades na pandemia da Covid-19 | São José – São Paulo, que será lançado no próximo dia 16/06 em formato digital.
Os autores Evandro Duarte e Thaís Ferreira Gattás trocaram mensagens eletrônicas de março de 2020 a março de 2022, relatando como passaram pela pandemia, mas também foram além, sem deixar que o tema trágico por sua natureza fosse a única opção. “Evidentemente, a pandemia está presente de alguma forma em todas as cartas, mas o assunto principal sempre é a experiência humana. Ainda que não soubéssemos de início para onde os textos crônicos nos levariam, acredito que escapamos do viés da tragédia e nos inclinamos para as possibilidades de um tempo tão desafiador”, explica Duarte. Segundo Thaís, “de certa forma, as cartas representam um respiro de arte que ajudou a tornar mais suportável a realidade. Não queria me lembrar desse tempo apenas por notícias de jornais e pesquisas científicas. Queria algo escrito que expressasse o que vivemos de forma mais pessoal. Acredito que muitas pessoas vão encontrar nesses registros coisas que viveram também”.
Evandro, sediado em São José, vale-se de autores estrangeiros tão variados quanto o germano-coreano Byung-Chul Han ou o israelense Yuval Harari. Thaís, sediada em São Paulo (SP) e ocupada também em ressignificar a infância de sua filha, vai pela singularidade de canções para compor a trilha sonora de um tempo de isolamento e apreensão. Os papéis, claro, de um e de outro são intercambiáveis. Para Thais, o esforço coletivo no desenvolvimento da vacina é um belo exemplo do universal prosperando no particular. Para Evandro, a sobrinha que ganha um dez num trabalho da faculdade é um exemplo concreto do particular que pode mudar o universal.
Porque trocam cartas pessoais (25 crônicas para cada), inevitavelmente os autores falam de si mesmos. Não se trata, porém, de vaidade, mas de contextualizar e evidenciar o quanto seus testemunhos da pandemia dependem das condições nas quais se encontram. Esta intimidade aproxima o leitor de dois seres humanos reais que, por contingência, encontram-se milhares de quilômetros distantes, mas aproximados pelas palavras.
Lançamento digital
No próximo dia 16/06, às 20 horas, o livro será oficialmente lançado com uma transmissão ao vivo pelo YouTube no canal Crônicas do Evandro (https://www.youtube.com/@cronicasdoevandro). Mediados pelo produtor de links, Thiago Skárnio (responsável pelo prefácio da obra), os autores revelarão um pouco dos bastidores da escrita, além de contar como a pandemia impactou em suas vidas pessoais e profissionais.
Também a partir do dia 16/06, o livro estará disponível para venda somente em formato digital no site da Amazon (amazon.com.br). No site oficial do livro, é possível ler as seis primeiras cartas-crônicas; o endereço eletrônico é https://santascartas.wordpress.com/
Sobre os autores
Evandro Duarte é jornalista. Natural de Florianópolis (Santa Catarina), interessou-se pelas artes desde criança, mas foi somente na adolescência que despertou para as letras. Dali em diante, tudo teve a ver mais ou menos com as palavras no papel e, também, nos meios virtuais. Na década de 1990, foi diretor de imprensa do grêmio estudantil da Escola Técnica Federal de Santa Catarina (atual CEFET, em Florianópolis/SC). Durante a faculdade de jornalismo, produziu fanzines sozinho ou com amigos e teve seus textos (geralmente crônicas) publicados em diversos jornais de Santa Catarina. Ainda no começo do segundo milênio, integrou o coletivo de cultura SARCASTiCOcomBR, e cobriu algumas edições do Fórum Social Mundial (em Porto Alegre/RS). Depois de formado, atuou como assessor de imprensa nas áreas de cultura e política. Foi um dos vencedores da sexta e da sétima edição do Concurso Literário Conto e Poesia realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia de Florianópolis e Região (SINERGIA). Entre 2008 e 2017, escreveu crônicas semanais para o jornal Notícias do Dia (sediado em Florianópolis). Já na segunda década do novo milênio, apresentou programas culturais numa emissora de televisão de São José e foi editor responsável em jornais impressos na região metropolitana da capital catarinense. Em 2016, participou da criação do Centopeia Site, que se expandiu com a Centopeia TV no YouTube, o podcast Centopeia Falante no Spotify e a Centopeia Editora. E justamente pela Centopeia Editora publicou os livros O enigma da vida concreta, A ascensão do absoluto e Este 2022.
Thaís Ferreira Gattás é roteirista, letrista musical e dramaturga. Natural de Blumenau (Santa Catarina), lembra de ser uma criança que vivia com a cabeça no mundo da lua e os pés descalços no chão. Apesar da inquestionável ligação com as artes, formou-se em Direito e trabalhou por uma década como advogada de direitos autorais e de entretenimento. Nas horas vagas, seguiu escrevendo através do pseudônimo Thaís de Ferrand. Integrou o coletivo de cultura SARCASTiCOcomBR, teve uma coluna semanal no jornal Notícias do dia de 2008 a 2017, onde escrevia sobre o cotidiano e as emoções humanas. Também foi colaboradora do Jornal Psicologia em Foco, participou da antologia de crônicas Palavras Abraçadas e é autora selecionada do prêmio FLIP de literatura de 2021. Com a chegada da pandemia, perdeu “vergonhas” e ganhou “coragens”. Largou o Direito e optou pelo caminho mais certo ao seu chamado de alma. Assim, formou-se em roteiro pela Academia Internacional de Cinema e hoje dedica-se profissionalmente e exclusivamente à escrita audiovisual e dramatúrgica.